A saída conturbada da teclista e do guitarrista dos CRADLE OF FILTH evolui para acusações formais de exploração financeira e ambiente tóxico.
A história recente dos CRADLE OF FILTH acaba de conhecer mais um novo capítulo polémico. A lendária banda britânica está agora a braços com uma queixa judicial apresentada por dois dos seus ex-membros, a teclista Zoë Marie Federoff e o guitarrista Marek “Ashok” Šmerda, que abandonaram o grupo em Agosto de 2025 sob circunstâncias tensas.
A dupla, que também é um casal, acusa a formação liderada por Dani Filth de exploração financeira, de ambiente de trabalho hostil e maus-tratos emocionais, transformando uma disputa já pública e amarga num processo legal com potenciais repercussões bastante sérias.
A cronologia do conflito começou a 24 de agosto, quando Zoë Marie Federoff anunciou a sua saída dos CRADLE OF FILTH banda em plena digressão sul-americana, alegando “motivos pessoais”. Poucos dias depois, Ashok revelou igualmente a sua demissão, mas com justificações mais directas: baixos salários, elevado nível de stress e anos de alegada má conduta por parte do management dos CRADLE OF FILTH. A situação agravou-se quando Dani Filth contrariou a versão do guitarrista, afirmando que este tinha sido despedido e acusando o casal de difamação.
Em resposta, Federoff e Šmerda divulgaram um comunicado conjunto onde rejeitaram a versão de Dani e acusaram o management dos CRADLE OF FILTH — liderada por Bradley “Dez” Fafara, o vocalista dos COAL CHAMBER — de manipulação e desonestidade. No mesmo texto, alegaram que Dani Filth não só permitia tais práticas como também beneficiava delas directamente.
Agora, o confronto deu um passo decisivo: os músicos confirmaram ter avançado com uma queixa formal contra os CRADLE OF FILTH. Nas suas palavras, “Apresentámos uma queixa para dar início a processos legais formais. Acreditamos em tudo o que está nesta queixa, apoiamo-la e mantemo-nos firmes na nossa posição. Encorajamos-vos a lerem a queixa para compreenderem totalmente o nosso ponto de vista, e não temos mais nenhuma declaração a fazer neste momento.” O documento integral foi disponibilizado pela própria Federoff através de uma ligação pública no Google Drive.
No centro do litígio está um contrato que, segundo os queixosos, impunha condições abusivas aos músicos de sessão. Alegadamente, o acordo oferecia apenas um aumento de 25% — o primeiro em sete anos —, mas exigia exclusividade e não garantia rendimentos suficientes para cobrir despesas básicas. O advogado dos músicos terá descrito o documento como “o contracto mais psicopata que um músico de sessão poderia alguma vez receber”.
Perante a escalada do caso, Dani Filth publicou o que chamou de “declaração final”, onde rejeitou todas as acusações de roubo ou exploração. Embora tenha reconhecido ter partilhado em público informações pessoais que não devia, assegurou ainda que os CRADLE OF FILTH continuam comprometidos com a transparência e o profissionalismo. Dani aproveitou ainda para revelar a difícil batalha da sua mãe contra um cancro em estado avançado, apelando à empatia: “Arrastar famílias para esta tempestade é uma crueldade que nenhum de nós deveria desejar a outro.”
Apesar do ambiente carregado, Dani garantiu que a banda não vai interromper a digressão e que seguirá empenhada em construir uma base mais sólida para os seus músicos. Entretanto, este processo acaba por representar um dos episódios mais turbulentos na longa carreira dos CRADLE OF FILTH, cuja reputação já foi várias vezes marcada por disputas internas. O desfecho legal poderá ter impacto não só na imagem da banda, mas também na forma como o universo do metal encara os contratos e condições de trabalho dos músicos de sessão.















