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Naquele que é já o seu 14.º álbum de estúdio, os CRADLE OF FILTH mostram-se em plena forma, equilibrando melodia e brutalidade com a mestria que os tornou numa referência do metal extremo.

Hoje, sexta-feira, 21 de Março de 2025, os CRADLE OF FILTH regressaram em força com o seu 14.º longa-duração de estúdio, «The Screaming Of The Valkyries» e, três décadas depois do início da sua jornada, a banda britânica continua a afirmar-se como uma das forças mais influentes e enigmáticas no espectro do metal extremo, mantendo-se fiel à sua estética sombria enquanto explora novas direcções sonoras. Este novo registo afirma-se como uma síntese magistral entre o passado e o futuro, consolidando o legado do grupo com uma abordagem moderna e feroz.

Desde o lançamento do clássico «The Principle Of Evil Made Flesh» em 1994, os CRADLE OF FILTH têm desbravado um caminho próprio dentro do metal, tornando-se pioneiros na fusão de elementos de black metal, com uma estética gótica e uma teatralidade obscura que já os catapultou para o estatuto de culto. Discos como «Cruelty And The Beast» e «Midian», de 1998 e 2000, definiram o seu som bem macabro e majestoso, enquanto os seus lançamentos mais recentes, como «Hammer Of The Witches» e «Existence Is Futile», provaram que a chama criativa dos britânicos permanece intacta.

Agora, com «The Screaming Of The Valkyries», os CRADLE OF FILTH oferecem um LP que tanto evoca os clássicos como explora novas nuances de peso e melodia. O álbum abre com «To Live Deliciously», uma explosão de urgência rítmica e lirismo libertino, onde as guitarras cortantes de Marek “Ashok” Smerda e Donny Burbage se cruzam com a secção rítmica avassaladora do baterista Martin “Marthus” Skaroupka e do baixista Daniel Firth. Como habitual, o tema é conduzido pelos gritos e guturais inconfundíveis do Sr. Dani Filth, que continuam a ser uma das vozes mais reconhecíveis e impactantes do metal extremo.

«Demagoguery» é um dos pontos altos do disco, fundindo melodia sombria, blastbeats frenéticos e um groove diabólico, que remete o ouvinte para os tempos áureos de «Dusk And Her Embrace». Aqui, nota-se bem a capacidade da banda para equilibrar agressividade e atmosfera, com o furação sonoro a atingir todo um novo patamar de intensidade em «White Hellebore», onde o peso do metal mais tradicional se mistura com rajadas de fúria thrash, sem perder a coesão.

A veia melancólica dos CRADLE OF FILTH também está bem presente e manifesta-se de forma sublime em «Non Omnis Moriar» — o tema mais emocional do álbum, com uma melodia trágica que evoca as texturas góticas dos Paradise Lost e Anathema (em início de carreira), mas reinterpretadas sob o filtro perverso dos CRADLE OF FILTH. POr seu lado, «You Are My Nautilus» revela-se um épico sombrio, onde as guitarras gémeas evocam o espírito dos Iron Maiden, mas envoltas numa aura gótica e malévola. Já «Ex Sanguine Draculae» transporta o ouvinte de volta à atmosfera enigmática da era «Dusk…», enriquecida com novos detalhes e uma intensidade renovada.

A contribuição de Zoe Federoff nos teclados e nas vozes acrescenta uma nova dimensão dramática às composições, reforçando o lado operático da banda sem cair em excessos. A produção de Scott Atkins nos Grindstone Studios, em Suffolk, garante que cada detalhe — dos riffs gélidos às passagens góticas e orquestrais — é captado com clareza e peso, elevando a densidade sonora do disco. Resultado: o novo «The Screaming of the Valkyries» afirma-se como uma obra que honra o passado sem medo de explorar novos territórios. Para os fãs de longa data, este é um regresso triunfal às raízes; para os recém-chegados, é uma porta de entrada para o universo macabro e fascinante dos CRADLE OF FILTH.