CRADLE OF FILTH

CRADLE OF FILTH: DANI FILTH responde a acusações e lança críticas aos ex-membros da banda

Uma novela digna da Globo! Disputa interna ganha novos contornos, com o vocalista dos CRADLE OF FILTH a lançar acusações ao casal Zoe Federoff e Marek “Ashok” Šmerda.

A relação interna entre os elementos dos CRADLE OF FILTH, um dos grupos mais marcantes e aplaudidos da cena metal mundial, tem vivido dias conturbados, que têm sido expostos de forma pública e bastante intensa. A tensão começou a notar-se quando a teclista e vocalista Zoe Marie Federoff anunciou, de uma forma bastante inesperada, a sua saída a meio da digressão latino-americana do grupo. O episódio, longe de isolado, escalou num ápice para uma guerra aberta de declarações, acusações e contra-acusações que têm colocado o nome da banda nas manchetes por razões muito diferentes da música.

Poucos dias após o abandono de Zoe, o guitarrista Marek “Ashok” Šmerda — o seu marido — declarou também a intenção de deixar os CRADLE OF FILTH, ainda que apenas após a conclusão da tour em curso. Na sua mensagem, datada de 26 de Agosto, Ashok não poupou críticas à banda e ao seu líder: falou em baixos salários, em elevado desgaste emocional e em “anos de comportamento pouco profissional vindo de cima”. O músico aproveitou ainda para ironizar sobre a muito badalada colaboração com Ed Sheeran, um projecto há muito anunciado, mas que continua sem concretização.

Se estas declarações já tinham gerado ondas de choque, a situação acabou por agravar-se no mesmo dia quando Zoe Federoff fez uma segunda publicação, aindamais contundente, onde acusou directamente o estratega da banda, Dani Filth, e a empresa The Oracle Management, de Dez Fafara (dos COAL CHAMBER e DEVILDRIVER), de promoverem um ambiente “ameaçador” e “abusivo”, onde músicos não permanentes do grupo seriam, alegadamente, explorados em troca de “salários muito baixos”. Zoe Federoff partilhou inclusivamente imagens de um contracto que classificou como inaceitável — e que ela e Ashok recusaram assinar, reforçando a sua crítica às condições oferecidas.

Face à escalada pública da polémica, Dani Filth reagiu de imediato com uma medida drástica: anunciou o despedimento de Ashok, acusando-o de tentar “difamar ilegalmente e prejudicar a banda. Nessa altura, o vocalista prometeu que os CRADLE OF FILTH partilhariam a sua versão dos factos em breve. Pois bem, essa promessa concretizou-se a 29 de Agosto, com a divulgação de um extenso comunicado onde Filth apresentou, ponto por ponto, a sua versão da história.

Como podes conferir em cima, o vocalista inicia a sua mensagem com um tom conciliador, sublinhando a necessidade de reflectir antes de falar: “Acho que é tempo de revelar o meu lado da história, agora que tantas acusações foram lançadas contra a banda,o nosso management e contra mim pessoalmente. Peço desculpa pela ligeira demora nesta resposta; era importante abordá-la de forma equilibrada após reflexão”, escreve Dani Filth, que organiza a sua defesa em diferentes eixos, procurando responder directamente às principais críticas.

Em primeiro lugar, aborda a questão do contrato, o documento que Zoe Federoff tornou público e que gerou forte indignação entre fãs e observadores. Dani Filth admite que o contrato era inadequado, mas defende-se: “Sim, era um contrato fraco, mas foi enviado de forma precipitada, já depois de termos recebido as demissões de Zoe e Ashok. Não houve intenção maliciosa, foi apenas um erro de julgamento. Tratava-se de um ponto de partida para diálogo, não de um acordo final”.

Outro ponto crucial diz respeito às acusações de que os músicos estariam alegadamente proibidos de procurar rendimento noutros projetos. Dani refuta: “Agendamos digressões para cerca de 40% do ano. O resto do tempo está livre para que cada um tenha outros compromissos. Muitos dos meus colegas na banda têm projectos paralelos, basta ver as suas redes sociais. Nunca proibimos ninguém de trabalhar fora dos Cradle Of Filth”.

No entanto, foi nas descrições do comportamento de Zoe e Ashok durante a digressão sul-americana que o vocalista mais se deteve. Dani acusa o casal de criar um ambiente insustentável desde o início da rota: “Nos primeiros dias houve consumo excessivo de álcool, discussões constantes e confrontos públicos. Assisti pessoalmente a discussões que incluíram abuso verbal e físico, culminando num episódio diante de fãs em São Paulo”.

O músico acrescenta que Zoe chegou a pedir ajuda ao management para controlar os seus problemas com o álcool e questiona sobretudo a coerência das acusações, chegando a levantar dúvidas sobre as declarações recentes da ex-colega de bnada: “Ninguém sabia nada sobre uma eventual gravidez. E se estivesse grávida, porque estava a beber?”, pergunta o líder da banda.

Grande parte da nota de Dani é também dedicada a defender o management dos CRADLE OF FILTH, alvo de críticas ferozes por parte de Zoe. Filth elogia o trabalho de Dez e Anahstasia Fafara, descrevendo-os como “maravilhosos, dedicados e dispostos até a abdicar de comissões para viabilizar digressões”. O cantor alega ainda que as acusações de intimidação são fabricadas: “Tendo falhado em adaptar-se à banda, a Zoe tenta agora difamar-me a mim e ao management. Hoje em dia é fácil acusar sem provas, quando todos são críticos treinados nas redes sociais”.

O vocalista fez questão de esclarecer também a questão financeira, garantindo que Dez Fafara não gere, nem nunca geriu, directamente os dinheiros da banda: “Tudo passa pelo meu contabilista, que analisa os números e decide o que é possível ou não. O Dez só recebe quando eu autorizo os pagamentos”.

A escalada desta polémica atingiu um ponto ainda mais delicado com a divulgação de uma mensagem privada enviada por Ashok ao managament da banda. Nesse texto, o guitarrista insulta directamente Dez Fafara e envolve até o nome de Sharon Osbourne, antiga agente dos COAL CHAMBER: “Dez Fafara – you are sick evil person trained by sickest person in music industry – Sharon Osbourne – the criminal who should be whipped to death”. Embora o comentário que motivou esta reacção não tenha sido ainda divulgado, a mensagem revela a intensidade do conflito e a deterioração irreversível das relações dentro da formação.

Apesar do tom crítico, Dani Filth termina o seu comunicado com um gesto de gratidão e de esperança: “Obrigado a todas as bandas, fãs e colegas músicos que nos apoiaram neste momento. Vocês são muito apreciados. Onward and upward, como se costuma dizer! Vejo-vos na estrada!”.

Este novo capítulo turbulento vem juntar-se agora a uma longa lista de mudanças de formação e várias disputas internas que marcam a história dos CRADLE OF FILTH. No entanto, raramente estes conflitos se tornaram tão públicos e tão detalhados como agora, com cada lado a expor acusações graves e episódios pessoais. Enquanto a digressão latino-americana prossegue, resta saber como a banda irá recompor-se após a saída de dois membros em circunstâncias tão polémicas — e de que forma este episódio afectará a imagem pública de um dos nomes mais emblemáticos do metal britânico.