Lançado a 5 de Novembro de 1991, o «Blind» ajudou a redefinir o metal dos anos 90, marcando para sempre a carreira dos CORROSION OF CONFORMITY e inspirando as gerações seguintes.
Em 1991, os CORROSION OF CONFORMITY (também conhecidos, mais simples e carinhosamente como C.O.C.) já não eram propriamente um nome novo no underground. Formados na fervilhante cena punk e hardcore de Raleigh, na Carolina do Norte, tinham lançado dois álbuns, os marcantes «Eye For An Eye» e «Animosity», de 1984 e1985, nos quais exploravam um crossover contagiante, numa mistura enérgica e crua de hardcore e thrash. Ainda assim, o início da a década de 90 trouxe uma transição significativa para o grupo. Com «Blind», o quinteto ousou desafiar as convenções de género e reinventou-se.
Resultado, o que temos em mãos é um marco especial no metal e no punk, representação clara de uma era crucial para a banda e para os géneros musicais que habitavam, numa época em que a MTV ainda tinha uma palavra a dizer, a fronteira entre o underground e a emergência mainstream. O «Blind» elevou os CORROSION OF CONFORMITY para outro nível, afastando-os da ferocidade incontrolável do hardcore punk e abraçando estruturas mais trabalhada, que muito influenciariam boa parte da música pesada dos anos 90 e mais além.
Marcando a primeira colaboração da banda com o vocalista Karl Agell e o guitarrista/vocalista Pepper Keenan (que até brilha, com a primeira vez que o ouvimos a cantar sozinho neste contexto, em «Vote With A Bullet»), estes são uns CORROSION OF CONFORMITY diferentes dos que conhecíamos até aqui. Não há como negar, ambos foram figuras fundamentais para esta metamorfose musical, trazendo uma dimensão mais melódica e acessível ao som pesado.
A já citada «Vote With A Bullet», foi editada como single, o vídeo-clip caiu nas graças da MTV e tornou-se um dos temas de destaque do disco, um manifesto político envolto numa poderosa explosão de riffs, feito hino para os fãs, simbolizando o apelo a uma acção mais incisiva por parte do público.
Aqui e ali é possível identificar influências dos Black Sabbath e dos Trouble, com o peso cadenciado, e carregado de groove, da «Damned For All Time» ou da «Dance Of The Dead» a sugerirem uma nova era, mais complexa, que inseriu novas noções e uma pegada mais densa e atmosférica, de muita sofisticação e maturidade. Como se isso não bastasse, no geral, o «Blind» soa muito mais sólido e diversificado, numa mistura de tempos mais lentos e compassados, que não soariam deslocados num disco de stoner, com o vigor do thrash e as linhas de guitarra de Pepper a imprimirem um novo peso e textura ao som da banda.
Fruto da ousadia, o «Blind» acabou por ser foi essencial para a formação do que hoje entendemos como groove metal, um género que seria posteriormente explorado por bandas como os Pantera, os Down (o projecto de Pepper Keenan com Phil Anselmo), os Machine Head (é impossível não pensar no intro da «Vote With A Bullet» quando se ouve a «Old» ) ou os LAMB OF GOD. A prová-lo, o impacto não ficou restringido apenas ao momento da estreia, ao longo dos anos, foi redescoberto por gerações de fãs e músicos.
Mais de três décadas depois, o «Blind» é uma peça essencial no desenvolvimento do metal alternativo e um ponto de referência para o equilíbrio entre complexidade musical e autenticidade, mas, mais que isso, cimentou a reputação dos CORROSION OF CONFORMITY como um grupo de músicos inovadores, que, em 1991, se chegaram à frente para mostrar que podiam explorar territórios musicais bem mais lentos e pesados — e sem perderem intensidade.