CORPSEGRINDER: «Corpsegrinder» | Perseverance Music Group, 2022 [review]

Qual será a relevância de um álbum a solo do vocalista dos CANNIBAL CORPSE? É uma pergunta válida e, de certa forma pertinente, para quem acha que esse trabalho não poderá trazer nada de novo ao mundo da música extrema. Uma pergunta a que só a audição ao álbum de estreia homónimo de CORPSEGRINDER poderá dar resposta. E que até vem a propósito já que isto de se pensar que a música extrema é toda igual e que não há diferenças porque tocam todos o mesmo género (ou até mesmo em géneros diferentes nos casos mais extremos) serão argumentos para quem não gosta e/ou nunca gostou de sonoridades como o death metal. Portanto, para clarificar: sim, tanto é possível fazer discos diferentes de death metal como é possível aquele que é o vocalista há mais de vinte e cinco anos da instituição CANNIBAL CORPSE consiga lançar um álbum a solo onde não existe ligação à sua banda principal — ainda que, em termos de vocalizações, não exista qualquer tipo de distinção, tal como esperado. Esse acaba, de resto, por ser o único triunfo do preconceito no meio desta história toda. E também é importante dizer que, por parte do ouvinte, não se sente que haja uma real motivação para fazer um álbum destes que não seja o genuíno amor à música.

Portanto, aquilo que temos aqui é death metal, mais apostado no groove do riff e nos valores mais tradicionais do estilo — e não na vertente técnica que se tornou uma das principais componentes dos CANNIBAL CORPSE. A espaços é como um regresso aos dois primeiros álbuns dos DEATH, principalmente ao clássico «Leprosy», ou simplesmente a uma abordagem que vai buscar o thrash vitaminado dos primórdios de bandas como os KREATOR. Não é, no entanto, uma viagem ao passado, nem algo retro; é, isso sim, death metal orgânico feito por fãs do estilo, sendo que esse é o principal ponto de interesse deste álbum. É death metal sem pretensões de nada a não ser apresentar diversão para quem gosta do estilo, assinado por uma das suas vozes mais carismáticas neste espectro. Junte-se a isto um trabalho de produção que serve verdadeiramente a música por parte de Jamey Jasta, dos HATEBREED, e canções que cumprem (todas!) o propósito de agradar aos fãs de death sem dificuldade. [9]