Os MOONSPELL deram o seu mais recente concerto pós-pandemia ontem à noite e, para a edição de Novembro da LOUD! [agora nas bancas!], Fernando Ribeiro discutiu a actual situação no mundo da música, explicando como os concertos com audiência sentada podem ser uma solução. O vocalista da banda, reconhece que “na verdade ninguém sabe” até onde se pode prolongar a presente pandemia, mas considera que “temos de actuar numa perspectiva progressista e privilegiar, não diria o optimismo, mas a esperança”. No bom espírito da matilha de lobos, o músico afirma terem apenas um só objectivo: “não nos rendemos sem darmos uma boa luta!”
Na perpectiva do músico, “os festivais de Verão, se se puderem fazer e se o público aderir, vão ser o momento-chave de 2021. Vão trazer confiança e ajudar a relativizar o medo natural das multidões e a paranoia do ‘outro’que esta pandemia trouxe”. Claro que, como Ribeiro refere, será importante a “capacidade de reinvenção dos músicos”. Afinal, estes “já se adaptaram a coisas como a pirataria e o desdém completo do público perante os teus direitos de autor”. O vocalista confessa que “gostava que o público se tornasse uma parte da solução, e não do problema”, admitindo que “muitos já o fazem, só temos de estar gratos, mas esta era a altura perfeita para se provar que sem música não se morre, verdade, mas que se existe de forma mais sofredora”.
Nos concertos com audiência sentada “o prejuízo maior”, é “do público, essencialmente neste género”. Afinal a “banda em cima do palco pode não gostar” daquilo que visualiza, “mas gosta do que está a fazer, sem máscaras ou grandes constrangimentos”. Como músico, Fernando considera que conseguem “fazer um concerto acontecer e se nos envolvermos o suficiente pode ser interessante”, embora não seja “em definitivo, a mesma coisa, mas é alguma coisa”. Já quanto ao formato transmissão ao vivo, como o Halloween 2.0, espalhado ontem pelo mundo via internet, na sua opinião este “não terá condições para se impor”, pois “muita gente quer ver, mas não quer pagar, nem um valor simbólico”. Poderá “haver aqui ideias e opções”, como pay per view, que já usaram, ou conteúdos gravados por subscrição, mas “a experiência live on a screen para já não é preferida por assim tanta gente”. Noutro aspecto, “os músicos que dão tudo de borla nas suas redes também complicaram as contas para quem teve mais reflexão e esperou para ver”, refere.
Por cá poderá ser estranho ver gente sentada num concerto de heavy metal, mas algumas actuações em locais como a Aula Magna, os Coliseus, e até Casa da Música, já foram quase exclusivamente com lugares sentados. Nos “EUA, muitas das grandes salas tem uma lotação de 3000, mas só 500 estão de pé”, refere Fernando Ribeiro. “Para mim vai passar tudo por saber se os fãs deste estilo amam o estilo assim tanto que estejam dispostos a reinventar toda a sua maneira e história do fruir, e viver”. Fernando deseja que assim seja e que na troca, do outro lado “a banda tem de estimular esse amor com grandes discos, boas produções, boas ideias, amar de volta”,
Outros músicos e intervenientes na cena nacional dão a sua opinião na edição de Novembro da LOUD!. Já à venda nas bancas de todo o país.