Inicialmente agendado para 2020, mas consecutivamente adiado pelas razões que todos conhecemos, só em 2023 foi possível que o espectáculode estreia dos CONCEPTION em solo nacional se concretizasse. Apesar da sala não ter estado cheia, quem ficou a perder foi mesmo só quem não compareceu, com a boa disposição do público e da própria banda a ajudar bastante ao ambiente vivido ao longo das quase duas horas que a banda norueguesa esteve em palco. Roy Khan mostrou-se muito comunicativo ao longo da noite, talvez até demasiado falador para alguns, mas é preferível ter alguém que fale com o público do que não diga nada. Confesso que ser grande fã da voz de Khan e, em Lisboa, ficou provado – se dúvidas houvesse – que é um dos melhores vocalistas de sempre. Talvez pareça um exagero, mas quem esteve na sala lisboeta irá concordar de certeza, senão é procurar no YouTube por vídeos dos temas «The Mansion», «She Dragoon» ou «Silent Crying», este último incluído no pequeno set acústico que a banda proporcionou; ser melhor vocalista não é só alcançar certas notas, mas a emoção que se coloca no que se canta, e aqui ficou provado que Roy Khan faz isso de forma exímia. Aliás, algo que ficou claro é que, ao vivo, a música dos CONCEPTION ganha uma dimensão ainda maior, principalmente quando se trata dos temas dos mais recentes registos – o EP «My Dark Symphony» e o LP «State Of Deception» – que, juntamente com «Flow», foram os discos mais revisitados nesta digressão e, em particular, neste espectáculo em Lisboa. Além do talento de Khan, todos os músicos dos CONCEPTION estão muito acima da médio e, apoiado num som bem poderoso e num nível técnico apenas ao alcance dos iluminados, o guitarrista Tore Ostby provou também que é um grande guitarrista e a banda, cuja formação fica completa com o baixista Ingar Amlien e o baterista Arve Heimdal, contou ainda com a filha deste último nos coros e com a colaboração de um teclista. Além de alguns dos temas já referidos, soube muito bem ouvir «Under a Mourning Star» e, claro, a clássica «Roll The Fire»,que fechou a noite. De resto, a não ser talvez a inclusão de mais material dos três primeiros álbuns, não há defeitos a apontar ao concerto de estreia dos CONCEPTION em Portugal, talvez mais alguns temas dos primeiros três discos no alinhamento. A primeira parte do espectáculo ficou a cargo dos nacionais VIRCATOR, banda oriunda de Viana do Castelo que continua a promover o seu mais recente álbum, «Bootstrap Paradox». Inicialmente, podia pensar-se que uma banda instrumental não seria a melhor escolha para esta noite, mas os vianenses mostraram-se bastante competentes e acabaram por justificar as honras de abertura.