O COM VIDA 20 regressa para a recta final: últimas propostas, derradeiras apostas. A de hoje é segura, tratando-se de um dos grupos mais intensos e explosivos a norte do país. Chamam-se PLEDGE e já lançaram um EP, de título «Resilience», onde mostram o seu post-hardcore, na realidade mais hard que post. O ano começou mal para o agora quinteto, pois viram datas espanholas canceladas devido ao COVID-19, “nesta altura tão peculiar em que vivemos, prestes a ver alterados todos os paradigmas na nossa realidade, para o bem e para o mal”, como o colectivo refere. Embora “divididos entre Viana do Castelo e Porto“, isso nunca um impedimento para se organizarem e, segundo os próprios, “a química entre nós sempre foi a principal razão de tocarmos juntos”.
Neste momento o grupo é formado por Sofia Magalhães, voz, Vasco Reis, guitarra/sintetizadores, Hugo Martins, guitarra, Vítor Vaz, baixo, e Filipe Romariz, na bateria. “Em 2005, o Hugo e a Sofia tiveram uma banda de hc/screamo chamada On Equal, numa época em que o underground do punk hardcore nacional tinha uma dinâmica incrível”, explicam. Treze anos após essa primeira experiência, decidiram criar os PLEDGE. O Hugo é de Viana do Castelo e vem de projectos como LARKIN, MALCRIADA e KILLING FROST. O Vitor é oriundo da mesma cidade, tendo no currículo os MR. MIYAGI e THE DEAD ACADEMY. A Sofia, por seu lado, vem de bandas como VAEE SOLIS, LODGE ou HICKS KINISON, sendo que a ligação ao Porto também se estabelece com os restantes músicos, o Vasco e o Filipe, ambos de Vila Nova de Gaia e que tocam também nos VERBIAN.
Pouco depois de se estrear, o grupo actuou no SonicBlast em Moledo, assinando um concerto explosivo para uma sala tão cheia que havia, literalmente, pessoas a saírem pelas janelas. Seguiram-se outros gigs, poucos, mas intensos: com os FERE, “abrindo” para os norte-americanos GLASSJAW e até participando num festival galego. Foi então que perceberam que “estava na altura de sonhar um pouco mais alto” e partiram então para a gravação de um primeiro longa-duração, a editar em 2020. Misturado e masterizado por André Gonçalves, dos MOTHER ABYSS, ULFBERTH e I LOST MY SHADOW, no Adrift Studio em Viana do Castelo, o disco é descrito como “um passo em frente” na sonoridade da banda. Isso justificou a escolha do André como productor, com os PLEDGE a entrarem em estúdio “com a estrutura do disco muito bem definida”, o que levou o processo de gravação a decorrer “com muita fluidez”, apesar de comporem “muitas das músicas à distância” e só se terem reunido em estúdio.
Intitulado «Haunted Visions», o álbum contém dez faixas, “que espelham a evolução da banda nestes dois anos de existência”. O grupo refere que “em termos conceptuais, o álbum é uma viagem pelas paisagens obscuras da mente, uma constatação da existência da nossa própria Sombra, e sub-consequente aceitação da mesma” No fundo, “visões assombradas por memórias e ecos do Passado, contaminadas por expectativas de um Futuro, quando nada mais existe além do Presente.” Há inovações, como é óbvio, com a banda a “introduzir alguns elementos pouco convencionais dentro do género, recorrendo à electrónica e sintetizadores pela mão do Vasco” e explorando “a versatilidade das vocalizações da Sofia”. Além disso, elevaram “a fasquia na composição das músicas sem nunca abandonar as raízes do punk/hardcore”. O resultado de tudo isto são “músicas bastante pesadas e outras mais experimentais, mas que não descuram” a identidade dos PLEDGE. Fica a promessa para a revelação em breve de um primeiro tema, chamado «Wrong Planet Syndrome», através de um vídeo “filmado no Porto” que nunca imaginaram “que fizesse tanto sentido nesta altura, dadas as circunstâncias actuais”.