A recolha de nomes desenvolvida pela LOUD! chega a meio com um grupo improvável, os NECRO CHAOS. Isto porque há reuniões que soam estranhas, em particular quando se conhecem os elementos que as integram. Junte-se as condições que originaram a banda e tudo se torna mais bizarro. Ainda por cima, há toda uma transversalidade geracional que acentua a dúvida sobre a junção, como refere o guitarrista do trio. “Talvez fosse improvável porque comporta três elementos de três gerações distintas”, diz Morto, como é conhecido no meio portuense. O músico que “toca guitarra e vocifera”, cita a origem de tudo numa amizade entre donos de bares, “já nos conhecíamos e passámos bons momentos juntos na altura em que o Cave 45 e o Fundo do Poço estavam abertos, acabou for fazer sentido”. Muitas das almas que frequentaram a sala de concertos no Porto, devem de seguida ter terminado a noite no bar de metal mais próximo, conhecido como Fundo do Poço, gerenciado pelo Morto.
“Primeiro falei com o Óscar para fazermos algo, pois com o fecho dos bares teríamos tempo livre, e mais tarde, quando o Deathminator conseguiu arranjar tempo, juntou-se à banda”, explica o músico. Deathminator é o “homem dos pratos e dos tambores”, membro mais novo na formação e na idade. “DeadOscar toca baixo e carrega em pedais”, afirma o próprio, também conhecido apenas como Óscar, um dos proprietários do saudoso Cave 45, punk no DNA, roqueiro por opção e elemento de um sem número de grupos portuenses. É ainda Morto que define o som do grupo como “Necro Classic Death Metal”, dissecando os termos, ao referir que “embora existam elementos de sons diversos, provenientes dos pedais de efeitos do Óscar, a verdade é que a sua base é o death metal dos anos 90”. Nas palavras do guitarrista “depois de ser assimilado este som é regurgitado”, sendo que , em seguida, lhe administram “influências de diferentes géneros do heavy metal.”
No início do texto referia-se ser esta a primeira banda nacional vítima do COVD-19, pois a sua “estreia seria no Extreme Metal Attack, no dia 20, e já teríamos o nosso merchandising à venda”, refere Morto, “as coisas ficaram congeladas, optámos por cancelar a encomenda das t-shirts e ainda estamos à espera de receber as cassetes”. DeadOscar, alivia a pressão com uma dose de optimismo e compreensão. “É esperar que toda esta loucura passe e, se passar, vamos começar a tocar ao vivo”, diz o baixista. Quanto à tape de quatro temas, “vai sair na mesma, só atrasou uns dias”. A escolha do formato cassete para albergar malhas como «Casket Breaker», é “política da Helldprod”, explica DeadOscar, “a nossa única premissa foi editar em formato físico”, anunciando que “logo a seguir à tape sairá também em CD”.
Num grupo com quatro malhas, nenhum concerto, e já abalado por uma pandemia mundial, é o currículo que conta. No caso de DeadOscar, é um misto de currículo e registo criminal. Segundo o próprio, tudo começou “nos 80s e com os ineptos Cagalhões, de Aveiro, se calhar a primeira banda de hardcore que apareceu em Portugal”. Já “mais a sério”, o músico envolveu-se “numa coisa que dava pelo nome de Cães Vadios”, pelo meio deu “uns concertos com os Renegados de Boliqueime” e, já por iniciativa própria, fundou “os Speedtrack tocando (mal) guitarra”, seguindo para “Motornoise, até me chatear, e aí parei de tocar punk”. Houve também participações “ao vivo com Cabidela, uma espécie de black metal galináceo”, trabalho para “Profan, uma cena de doom esotérica”, em que gravou guitarra e, entre outros projectos efémeros, esteve nos “Tinnitus, um projecto de grind que deveria ter-se levado mais a sério”.
Já Morto, assume as origens no heavy metal, “primeiro como consumidor e espectador”, mais tarde “membro fundador dos Pestifer e Cape Torment”, tendo depois passado para o lado de promotor, através da Som Invicto que levou ao Porto “bandas como Hobbs Angel Of Death, Vulcano, Solstice e Omen”. Deathminator, assume-se como “o membro mais novo da banda”, tendo apenas passado pelos “Hell Pitt, uma banda de thrash metal formada em Gaia, e Soul Doubt, uma banda heavy thrash”, estando de momento nos ALCOHOLOCAUST além dos NECRO CHAOS. Com este passado, quem pensaria que, um dia, os três iam conseguir sair da sala de ensaios e gravar algo?