Se no interior a actividade é reduzida em todos os campos, o Algarve é estranhamente negligenciado quando se trata de música. Apesar disso, muitos e bons nomes têm saído de lá. É o caso dos VILLAIN OUTBREAK, que no ano passado se estrearam nos registo de longa-duração com «Uneven;». Um trabalho com voz quase sempre forte, por vezes melódica, coros a preencher, guitarras poderosas e sem medo de solar, e uma bateria que sabe ir para lá do óbvio. O grupo precisou, no entanto, de limar arestas, o que aconteceu na altura do EP «No Story For A Hero, Chapter1», com algumas mudanças de pessoal. “As duas primeiras mudanças ocorreram umas duas semanas após o lançamento do EP em 2015”, revela Francisco Martins, vocalista do grupo. “As alterações abalaram um pouco o espírito da banda e só conseguimos estabilidade em Setembro de 2016, quando reunimos a formação actual”, explica.
Apesar disso, o músico confessa que só em 2017 começaram seriamente a pensar num disco novo. Depois, “o processo de gravação foi mais longo e doloroso que o esperado e o processo de edição também”, explica o músico algarvio. Com o ânimo a cair, valeram-se da “ajuda de amigos próximos e da Raging Planet”. O grupo fica hoje compleo com dois guitarristas, Pedro Rosa e Tassilo Martin, Hugo Costa no baixo e João Dourado na bateria. Em jeito de balanço, meses após a edição de «Uneven;», o vocalista “o saldo tem sido positivo” e o vocalista considera que o disco é “ser um bom cartão de visita”, que ainda poderá abrir “algumas portas”. Musicalmente, os VILLAIN OUTBREAK definem-se como uma proposta “de música pesada, comummente associada ao movimento metalcore”. No entanto, na sua formação, os elementos são heterogéneos nos gostos e o seu passado quase pode servir para descrever o underground da região.
De fora vem Tassilo, que “participou em vários projetos de música alternativa na sua cidade natal de Munique”. Por cá, “fundou os Fafner”, que mais tarde evoluiriam para VILLAIN OUTBREAK, e “actualmente tem o projeto a solo Pantha Rei, um live act onde improvisa ambientes utilizando a sua guitarra e efeitos”. O Pedro esteve em bandas como SAÍDA DE EMERGÊNCIA, YOUNG REDEMPTION, FAFNER e CICATRIZ, estando hoje também nos M.E.D.O. enquanto Hugo Costa, conta com participações em THE OAKS, YOUNG REDEMPTION e BRACE YOUSELF. O João Dourado, não confundir com o baterista do mesmo nome, é da região de Coimbra e “fez parte dos An X Tasy, Reverse e mais recentemente Fuza Flowz”, tendo “ingressado agora nos Contra-Corrente”, banda de punk rock da zona de Olhão, Fuzeta, Tavira. Francisco começou nos UNSURE e passou por nomes como MELUDIAH, BIRTH SIGNS, FONTEonte e PERPETUAL SENTENCE, “entre outros projetos que nunca chegaram a arrancar verdadeiramente”.
O disco está recheado de convidados como João Ramos, dos HOCHIMINH, David Rosado, “um veterano do hardcore” e João Brito, dos SAM ALONE & THE GRAVEDIGGERS. O primeiro vídeo-clip de promoção ao disco chama-se «Failure Gallery», e ideia da banda “era lançar mais um ou dois”, antes de entrarem novamente em estúdio, pois já têm “músicas em construção e várias ideias soltas com potencial para se tornarem novos temas”. Infelizmente, é necessário “deixar passar esta fase conturbada que vivemos por causa da pandemia”. Crises à parte, o plano é “compor até ao final do ano e, se tudo correr bem, entrar em estúdio já em 2021”.