Desta vez o lockdown faz-se em Braga, ou no Poço, como os grupos locais gostam de lhe chamar. Ficámos com os CAPELA MORTUÁRIA no radar graças ao vídeo-clip de «Mind Fermentation»; simples, tão despretensioso quanto eficaz. Nascido da “vontade de fazer um vídeo para promover um single antes de lançar o EP”, aliado à habitual “falta de fundos para o investimento”, o resultado foi um vídeo totalmente DIY, em que a banda usou o “point of view de uma litrosa”, filmado na “sala de ensaio como local da acção”, em que o “custo das litrosas bebidas durante a tarde representou o valor total do vídeo-clip”. O nome di grupo acaba a soar mais estranho do que parece, primeiro porque não são uma banda de black metal, depois porque o nome não está ligado à cidade dos Arcebispos, mas à sala de ensaios numa aldeia próxima.
Júlio, voz, Pedro, guitarra, e Jordi, bateria, “juntaram-se pela primeira vez com instrumentos nas mãos em Salamonde, Vieira do Minho”, diz este último. A “primeira fase até foi no quarto” do próprio baterista, na aldeia perto das montanhas do Gerês. A mudança maior, deveu-se ao “Padre Martinho, pároco da aldeia”, que “cedeu a residência paroquial” para os ensaios. Desenha-se assim a história do nome, pois a “residência ficava no andar por cima da Capela Mortuária da aldeia” e o curioso é que o “nome acabou por surgir na boca dos Salamondenses”, antes de usado pela própria banda.
Hoje estão sediados em Braga, a sua sala de ensaios é na cidade e foi aí que lançaram o EP «Ossadas», editado em CD, em edição de autor, e nas mãos da Larvae para uma edição em cassete e a distribuição nacional. Algo atrasado, apenas pela situação actual. Já em Braga juntou-se ao projecto o JC na voz e a Rita no baixo. Juntos dizem que fazem “thrash fodido mas, fruto da nossa liberdade criativa, acabamos por fazer umas visitas ao death, ao thrash mais clássico, ao punk ou a algumas sonoridades mais modernas”. Talvez por isso, «Mind Fermentation» seja mesmo o melhor cartão de visita do grupo. Entretanto Jordi assumiu também o lugar de baterista nos VAI-TE FODER, o nome mais emblemático entre as bandas do Poço, se excluirmos os veteranos MÃO MORTA.
“A cena musical em Braga é bem mais viva e activa do que o crédito que muitas vezes lhe é dado”, explica Jordi, “dos cinco elementos de Capela todos têm outras bandas, quer dentro quer fora do espectro do metal ou da música extrema”. É por isso que o músico faz questão de deixar um “shoutout à Cantigas do Poço e ao extinto Projectil”, para promoverem mais eventos, pois os grupos emergentes são muitos. “Neste momento as nossas bandas irmãs, para além dos Vai-te Foder, são os Aura, Crab Monsters, Dona Flávia, Elitium, Kaputa, Katana, The Nancy Spungen X, Necrofazesse, Scrap, Shaka e SPP, mas a família tende a crescer”. Afinal, o Poço parece não ter fundo e oferece novos nomes que urge conhecer.