Por aqui não se descansa e continuamos a procurar novos nomes com sangue e vida que os façam prestar atenção. É o caso dos VËLLA, quinteto distópico que, na sua estreia com «Coma», vão de uma «1984» muito Depeche Mode a «Despair», um verdadeiro ninho de energia e melodia, com um groove que não desencantaria uns KORN, por exemplo. Por estranho que posso pareçar, qualquer uma destas referências pode nem ter a ver com estes músicos que passaram por grupos como os LEGACY OF CYNTHIA, THANATOSCHIZO, SINMATTIC ou os britânicos JESUS BURGUERS, no fundo “músicos com rodagem no panorama nacional”, como refere o guitarrista Oz Vilesov, explicando depois que “os VËLLA surgiram como uma forma natural de os cinco músicos que compõem o grupo libertarem a sua criatividade sem grandes amarras”.
Além de Oz, neste projecto embarcam também Pedro Lopes, na voz, Mário Rui, na guitarra, César Craveiro, no baixo e voz, e Paulo Adelino, na bateria. A referência inicial a nomes tão dissonantes é feita propositadamente, pois o próprio guitarrista assume que não pretendem “estar colados a um subgénero dentro do metal. Todos temos gostos muitos diferentes e queremos deixar essa criatividade fluir e que seja ela a guiar-nos ao invés de nos condicionarmos com barreiras musicais ou de estilo.” Um dos temas mais curiosos, e acreditem que são vários, é «Mannequin», servido com várias layers de electrónica, sendo que a “maior parte dos synths e arranjos electrónicos foram feitos pelo Caesar Craveiro, que também produziu, misturou e masterizou o disco”. Esta mistura sonora e método de produção estão relacionada com algo que os “atrai na música e que é a presença de diferentes camadas que um tema pode ter”, explica Oz, “à medida que vais ouvindo o disco repetidamente vais descobrindo um arranjo aqui e ali que ainda não tenhas reparado e isso torna a audição do álbum mais interessante”.
A multiplicidade sonora, reflecte-se até na lista de convidados. Um deles é Miguel Inglês, vocalista dos EQUALEFT. “O Miguel é nosso amigo há muitos anos e a participação dele já estava prometida há imenso tempo”, explica Oz. “Quando escrevemos a «The Promise» ficou claro que era a música em que queríamos que a sua voz acompanhasse a do Pedro”. Já para «Tormento», foi pensada uma “voz e um ambiente que fizessem lembrar o fado e o Pedro lembrou-se imediatamente da sua amiga Ana Marques”. Neste tema, “a participação da Ariana Pereira, que toca umas linhas de violino, foi natural porque é filha do Paulo e, apesar da sua idade, tem imenso talento”. O tema, resulta diferente, pois a voz feminina assume um protagonismo único no disco. “Todos gostamos de ambientes mais taciturnos e melancólicos, como se fossem histórias de embalar negras”, explica. “Fomos desenvolvendo o instrumental até chegarmos à conclusão que deveríamos ter um convidado para cantar no tema e trazer um ambiente único ao mesmo”. “Ao vivo, sempre que a Ana puder e quiser cantar connosco, iremos tocar esta música”, conclui.
“Nós gostamos todos de muita coisa diferente, desde os Depeche Mode aos Cradle Of Filth, passando pelo hip-hop, pelos Slipknot e até pelos Converge”, continua o guitarrista. “No fundo, este álbum simboliza a união de cinco músicos sem receio de arriscarem. Confiamos na visão de cada elemento de forma a criar a melhor música possível, não definindo géneros nem nos deixando limitar por possíveis barreiras”. É por isso que, o resultado atingido em «Coma» sejam “doze temas distintos, entre riffs rasgados, refrões memoráveis, ambientes melancólicos e melodias viciantes, apostámos num álbum que certamente não vai deixar o público indiferente.”