No século XXI, as bandas,e os seus formatos expandiram-se, e hoje é normal falar de projectos em formato duo. É o caso dos OAK, uma dupla composta por guitarra e bateria, que pratica um misto de doom e sludge tão sujo quanto intenso. Guilherme Henriques, guitarrista e vocalista, e Pedro Soares, baterista, juntaram-se neste projecto depois de terem “saído do estúdio com os Gaerea”, explica Guilherme. “Normalmente, depois de fecharmos o caixão de gravações de um álbum, a verdade é que ainda fica aquele bichinho para compor, tocar e experimentar mais”. Assim, a energia que sobrava resultou em «Lone», produzido pelos próprios com a ajuda de Ricardo Oliveira, nos Stone Sound Studios.
A estreia do duo ao vivo, numa noite chuvosa, fez-se dentro de uma antiga capela, em Viana do Castelo, actuando como primeira suporte aos norte-americanos BELL WITCH, com quem partilham o artista que desenhou desenhou as capas dos seus discos mais recentes — Paolo Girardi. “Sabíamos que queríamos a mão dele neste capítulo, as suas paisagens catárticas, o seu tom pastel”, refere o guitarrista. “A capa é como que um still frame de um dos momentos da caminhada da entidade de que falamos num dos temas”. O disco desenvolve-se em quatro peças longas e “todo o álbum conta vários episódios de sofrimento, dor e tortura das suas personagens”, dizem. Ao vivo, os dois músicos têm explorado as mesmas malhas, tornando-as ainda mais doomícas e com evoluções sonoras arrasadoras. Apesar dos poucos concertos, o som é esmagador. “Escolhemos apresentar o «Lone» na íntegra da maneira mais fidedigna possível, fazendo total homenagem ao que sentimos com o disco”, diz o Guilherme, antes de expicar que “à medida que novos temas forem surgindo e, sabendo que as coisas vão mudar drasticamente de direção no que toca à nossa sonoridade, a experiência «Lone» vai desvanecendo aos poucos e ficando apenas na memória de quem teve a oportunidade de a viver num espectáculo ao vivo”.
Com o álbum a sofrer um pouco com a data de lançamento, sendo esta, demasiado tardia para o grupo ser escolhido em listas de final de ano, isso não se reflectiu na aceitação. “A reacção foi bastante boa“, avalia o nosso interlocutor. “Não fizemos tudo aquilo que queríamos fazer porque desde o início foi um projecto de pura paixão e puxado a ferros em várias frentes. No entanto, mesmo assim creio que a reacção foi excelente por todo o mundo e sabemos que chegámos a ouvidos a que não pensávamos chegar com um primeiro registo”. Por si só, os OAK têm tudo para ser um nome relevante e procurado, mas no seu caminho vão estar sempre os GAEREA e o seu crescimento rápido. Será que isso os vai atrasar. “Uma banda nunca abafaria a outra, até porque temos bases de seguidores bastante distintas,” explica o Guilherme. “Na verdade, ambas estão a traçar caminhos bastante diferentes seja em estilo, escolhas de produção, promoção e tudo o mais. Basicamente, é tudo diferente.”