Este novo single marca o regresso politizado dos suecos CLAWFINGER e assinala também a assinatura de um novo contrato discográfico.
Um regresso explosivo e sem papas na língua: é assim que os suecos CLAWFINGER voltam a fazer-se ouvir com o novo single «Scum». Fiel ao espírito provocador que sempre os definiu, o tema já pode ser ouvido por meio de um vídeo-clip realizado por Rune Foss e afirma-se desde logo como um ataque bem directo a Donald Trump, o actual presidente dos Estados Unidos, com versos corrosivos que não deixam margem para ambiguidades.
“A bad taste in my mouth, a sore sight for my eyes / a foul stench in the air, a nasty vibe in the house / a bad excuse for a man, a dark time for the earth”, canta a dada altura Zak Tell, vocalista dos CLAWFINGER. A letra culmina com acusações frontais e grotescas: “another pussy to grab, yes, that’s what you said, a small cock in your pants, no brain in your head.”
Num comunicado carregado de sarcasmo e frustração, Tell descreve o novo tema como “um hino de punk rap cru, ruidoso e brutalmente honesto que vai directo à garganta. É dirigido àquele tipo de homem egoísta, sexista, cheio de si e que, inexplicavelmente, não se cala.” O cantor sublinha ainda que “com letras afiadas e uma batida que bate como um murro, a «Scum» diz aquilo que todos pensamos sobre aquele homem que desejamos ver desaparecer da face da Terra.”
«Scum» foi misturada por Jocke Skog nas Sunmountain Facilities e posteriormente masterizada por Jens Bogren nos estúdios Fascination Street, garantindo um impacto sonoro à altura da raiva das palavras. Por seu lado, o vídeo-clip acompanha essa energia com imagens simbólicas e uma realização muito intensa, que realça o desdém da banda por figuras autoritárias e populistas.
O lançamento deste novo single coincide com um momento importante para a banda: a assinatura de um novo contrato discográfico com a editora Perception, uma divisão da Reigning Phoenix Music. A notícia foi partilhada com o tom irónico habitual dos CLAWFINGER: “Sim, é verdade… Assinámos oficialmente com a Perception — uma divisão da Reigning Phoenix Music. Entendemos como funciona hoje a indústria musical? Não, absolutamente. Sabemos se esta é uma jogada brilhante ou um erro lindo? Também não. No entanto, eis um brinde a novas canções, velhos hábitos e aos mesmos erros… mas com sapatos melhores.”
O tom descomprometido da mensagem, publicada nas redes sociais do grupo reflete uma maturidade que não abdica do espírito inconformado com que os CLAWFINGER se tornaram conhecidos nos anos 90. Embora «Scum» seja o primeiro single novo desde «Environmental Patients», lançado em Março de 2022, a banda tem mantido uma presença discreta, mas consistente, sobretudo com actuações em vários festivais europeus. Os temas «Tear You Down» e «Save Our Souls», de 2019 e 2017, respectivamente, já tinham sinalizado também uma vontade de manterem viva a chama criativa, mesmo após o anúncio de separação em 2013.
Na altura, Zak Tell e companhia explicaram que os CLAWFINGER deixaram de ser um projecto a tempo inteiro: “Já não é o nosso trabalho principal. Temos todos outras profissões e famílias que amamos.” Apesar disso, o regresso aos estúdios parece ser mais do que pontual, e a assinatura com a nova editora indica uma fase de renovação para o colectivo sueco. O último álbum de estúdio, «Life Will Kill You», data de 2007 e foi gravado nos estúdios Fear And Loathing, geridos em conjunto pelos CLAWFINGER com alguns membros dos MESHUGGAH.
Portanto, mais do que um simples tema de protesto, «Scum» reafirma a identidade política e sonora dos CLAWFINGER, pioneiros no cruzamento entre rap e metal, sempre com mensagens de crítica social, anti-racismo e confronto directo com figuras de poder. Numa era em que a polarização política e o discurso de ódio parecem ter encontrado novo fôlego, a banda mostra-se disposta a voltar ao combate — mesmo que seja com sarcasmo e sem grandes certezas sobre o futuro da indústria.
