A Sra. Wolfe assina uma homenagem intimista, que cruza gerações e resgata a carga emocional de um clássico do heavy metal.
A cantora e compositora norte-americana Chelsea Wolfe juntou-se ao coro de homenagens que têm ecoado desde a morte de Ozzy Osbourne, interpretando um dos temas mais marcantes e emotivos do catálogo dos BLACK SABBATH. Numa actuação em Montana, numa noite marcada pela carga simbólica do momento, Wolfe apresentou uma versão acústica de «Changes», canção lançada originalmente em 1972 no álbum «Vol. 4», transformando-a num lamento etéreo que uniu respeito, saudade e reinvenção.
Conhecida por explorar sonoridades que atravessam o folk sombrio, o doom e a música experimental, A Sra. Chelsea Wolfe trouxe para o tema um registo minimalista: apenas a sua voz grave e carregada de textura, acompanhada por uma guitarra, moldou o ambiente. O peso da ausência de Ozzy foi sentido na interpretação, que pareceu suspender o tempo e criar uma ligação directa entre artista e público.
Ao partilhar o momento nas redes sociais, Wolfe escreveu: “honoring Ozzy last night in windy Montana. I’ve always loved this song and singing along with Ozzy’s melodies. rest in peace & power, thank you” — em tradução livre, “a homenagear o Ozzy ontem à noite na ventosa Montana. Sempre amei esta canção e cantar ao lado das melodias de Ozzy. descansa em paz e poder, obrigado”.
«Changes» ocupa um lugar singular na discografia dos BLACK SABBATH. Longe da agressividade e dos riffs pesados que marcaram a banda, a canção destaca-se pela melodia delicada, pelas linhas de piano compostas por Tony Iommi e pela interpretação vulnerável de Ozzy Osbourne, que lhe conferiu uma dimensão confessional. Inspirada por perdas pessoais vividas pela banda na altura, a música tornou-se um hino de despedida e de reflexão, resistindo ao tempo como um dos momentos mais emocionais do heavy metal.
A escolha de Chelsea Wolfe não foi acidental. O seu percurso musical, embora distante da sonoridade tradicional dos BLACK SABBATH, sempre carregou a mesma predisposição para explorar a melancolia e também o lado mais humano da escuridão. Ao revisitar «Changes», Wolfe construiu uma ponte entre o legado de Ozzy e uma nova geração de artistas que encontram no seu trabalho não apenas influência musical, mas também inspiração para abordar temas como perda, transformação e vulnerabilidade.
A morte de Ozzy Osbourne deixou uma marca profunda na comunidade musical e cultural. Conhecido como The Prince Of Darkness, o vocalista britânico não apenas fundou os BLACK SABBATH, vistos por muitos como os pioneiros do heavy metal, como também construiu uma carreira a solo repleta de hits e colaborações marcantes. A sua personalidade carismática, a total entrega em palco e a capacidade de reinventar-se ao longo de cinco décadas transformaram-no num ícone cuja influência ultrapassa fronteiras e géneros musicais.
Desde o anúncio da sua morte, múltiplos tributos têm surgido em todo o mundo. Artistas de diversas áreas, desde lendas do rock a nomes emergentes, têm partilhado memórias, versões e mensagens de gratidão. Alguns, como Chelsea Wolfe, optaram por revisitar canções emblemáticas que capturam a faceta mais emotiva da obra de Ozzy. Note-se que o impacto de «Changes» na cultura popular também é bastante notável.
A canção foi regravada ao longo das décadas por diferentes artistas, incluindo uma versão de 2003 com Ozzy e a sua filha Kelly Osbourne, que alcançou o topo das tabelas no Reino Unido. Esta longevidade e capacidade de adaptação reforçam a universalidade do tema — algo que a versão de Wolfe, com o seu tom contemplativo e despojado, volta a comprovar.















