Os CELTIC FROST vão ser, para todo o sempre, uma das bandas mais lendárias e influentes de sempre no espectro da música extrema.
Já falámos aqui de grupos que implodiram ainda na rampa de lançamento e quando o mais difícil estava feito. Este caso é semelhante, com um dos grupos europeus mais influentes a quase pôr em risco um estatuto arduamente conseguido. CELTIC FROST é o nome e o ano 1989. Três álbuns, «Morbid Tales», «To Mega Therion» e «Into the Pandemonium», e outros tantos EPs, «Emperor’s Return», «Tragic Serenades» e «I Won’t Dance», tinham levado o trio a um estatuto muito especial, bandeiras, a par de Bathory, daquela que se pode ver como a primeira vaga de black metal. Ao mesmo tempo, mostravam não cristalizar e saberem evoluir de tal forma que se tornaram um exemplo para o que, em alguns meios, se designaria por avant-garde.
Não será exagero afirmar que a par dos Kreator terão sido a banda extrema, da Europa continental, que mais influenciou as gerações seguintes, não só musicalmente, como também na componente visual e artística, sendo precursores no uso de trabalhos de Giger e Bosch nas suas capas. Sinal da importância, o festival Roadburn, teve um momento especial de homenagem ao grande «Into the Pandemonium», sinal da importância do disco, já para não falar que se tornaram a banda homenageada por Kirk Hammet e Robert Trujillo quando os Metallica tocam na Suíça.
Uma digressão americana, egos e uma má relação com a editora, iniciaram a desagregação do grupo. Rumores referem ainda uma stripper americana, como namorada de Tom G. Warrior, que teria influenciado o grupo para uma viragem glam. Há mesmo a sugestão de que «Cold Lake» seria o nome do clube onde actuava. Mito ou facto, na realidade Michelle Villanueva, o seu nome, está creditada no disco, é autora de uma letra e responsável pelo guarda-roupa. A introdução de um quarto membro e a saída de dois dos elementos do trio original acentuaria ainda mais a mudança e, naturalmente, faria o colectivo perder toda a sua base de fãs, num golpe que se revelaria fatal para a credibilidade do colectivo e mesmo para o seu futuro.
Dessa fase fica o registo em vídeo de uma passagem pelo mítico Hammersmith, em Londres. Os temas ainda lá estão, mas muita coisa já não soa como antes. O concerto integral está disponível neste link, mas destaca-se sempre a dupla «Circle of the Tyrants»/«Dethroned Emperor». Hoje, olhando para trás, até a fase «Cold Lake» resulta inovadora, particularmente quando expurgada das influências glam. Mas para os puristas, podem sempre procurar «Into the Crypts of Rays», de 1985, e esquecer os momentos «Cold Lake».