JUSTIN GREAVES, ex-IRON MONKEY e ELECTRIC WIZARD, fala sobre as motivações por trás dos CRIPPLED BLACK PHOENIX. O colectivo britânico actua hoje no SONICBLAST FEST.
Dos contundentes Hard To Swallow aos seminais e muitíssimo influentes Iron Monkey e Electric Wizard, passando pelos Teeth Of Lions Rule The Divine, uma parceria com Stephen O’Malley, Greg Anderson e Lee Dorrian que deu origem a apenas um álbum, parece que tudo aquilo em que Justin Greaves toca se transforma em algo brilhante. Após um período bastante conturbado, em que deixou inclusivamente de tocar, o multi-instrumentista britânico formou então os CRIPPLED BLACK PHOENIX, que acabaram por se transformar rapidamente no seu principal outlet criativo e no mais singular e eclético projecto em que esteve envolvido durante a sua já longa, e muito impactante, carreira no mundo da música.
Quase duas décadas depois, o fio que liga a discografia ousada e imponente do colectivo — uma dúzia de álbuns de estúdio, meia dúzia de mini-álbuns e um punhado de compilações — não poderia ser mais apropriada em 2023. Desde os primeiros passos, a música criada pelo multi-instrumentista sempre serviu como uma voz para aqueles que não têm sem voz, sejam animais, desiguais ou, pura e simplesmente, um pouco diferentes.
Greaves e a vocalista e letrista de longa data Belinda Kordic já afirmam frequentemente que esses seres não se podem defender sozinhos. Doravante, a missão dos CRIPPLED BLACK PHOENIX tem sido sempre lançar alguma luz sobre a condição humana e as desigualdades que se abatem sobre a humanidade e as suas criaturas. Uma batalha que, de resto, continuam a travar no mais recente álbum de estúdio, o muito aplaudido «Banefyre», editado em a 9 de Setembro do ano passado via Season Of Mist.
Ora bem, sabendo que a postura do músico — e, por arrasto, da banda — sempre foi ser bastante vocal acerca de várias causas, nomeadamente na defesa dos direitos dos animais, e de ser claro que isso é um ponto importante do conceito dos álbuns dos CRIPPLED BLACK PHOENIX, a verdade é que a linguagem usada continua bastante poética, sem parecer música de intervenção, digamos assim.
“Não é algo em que pense especificamente, mas é de facto isso que acontece, e acho que não tem sido difícil manter esse equilíbrio“, explicou-nos o músico. “Sempre gostei de arte, sempre fui muito criativo desde os tempos da escola, portanto a minha linguagem de protesto é mesmo esta. Não criei a banda especificamente para ser uma banda de protesto, note-se. Já toco em bandas desde finais dos anos 80, já toquei em bandas de punk, heavy, hardcore, sludge e tudo o mais, e a minha postura sempre foi de ‘música primeiro’, nunca quis politizar demasiado nenhuma das bandas.”
Greaves continua: “Sim, sempre fui um punk rocker anarquista no meu âmago, mas não quero que seja esse o objectivo da minha música e da minha arte. Como é óbvio sou acusado disso na mesma, cada vez que tenho alguma intervenção anti-fascista ou sobre a defesa dos animais nas redes sociais ou em alguma entrevista, mas isso para mim não é sequer político, é só uma questão de ter consciência social. Viver neste mundo, ser humano, e ter empatia básica. Por isso é que, às vezes, tentamos apontar a existência de alguns assuntos, mas é só o que é, apontar para algo. Não fingimos que as coisas não acontecem, mas não queremos usar a banda para pregar a ninguém.“
Os CRIPPLED BLACK PHOENIX regressam finalmente a Portugal hoje, quinta-feira, 10 de Agosto, para uma actuação única no SONICBLAST FESTIVAL.