CARCASS

CARCASS: No 31.º aniversário de «Heartwork», metemo-nos na máquina do tempo e fomos parar a 1992 [vídeo]

Hoje, para assinalar o 31.º aniversário do «Heartwork», dos CARCASS, recordamos as origens de um álbum incontornável através de uma entrevista com Jeff Walker e Ken Owen em 1992.

Já tudo foi escrito sobre o «Heartwork», não já? A tentação de largar aqui mais um artigo biográfico no dia em que um dos mais emblemáticos álbuns da rica e longa (e ainda a ser escrita!) história dos CARCASS é grande, porque este é daqueles que parece que faz parte do nosso ADN metálico e apetece sempre falar sobre ele.

No entanto, quando completa mais de três décadas de existência, já há pouco que poderíamos dizer sobre um trabalho com o seu quê de polémico, mas que ao longo do tempo parece ter conquistado mesmo aqueles que torceram o nariz à direcção mais melódica e menos abrutalhada que o quarto trabalho de estúdio dos britânicos seguiu.

Uma tendência, diga-se, que já começou a ser explorada no anterior «Necroticism – Descanting The Insalubrious», que meteu considerável água (suja, e com membros humanos a boiar, claro) na fervura grind dos dois primeiros álbuns, ganhando contudo um acréscimo de peso e groove assinalável. No entanto, é em «Heartwork» que toda essa riqueza melódica se revelou no seu esplendor, e mesmo que isso tenha irritado alguns puristas, a qualidade é como os cadáveres tantas vezes esquartejados, dissecados e analisados de forma medicamente meticulosa nos temas dos CARCASS: vem sempre ao de cima.

Não terá sido, obviamente, um pormenor insignificante que ambos esses trabalhos tenham tido o dedo do guitarrista sueco que pontificou nos CARCASS de 1990 a 1993, um tal de Michael Amott. Aliás, permitam-me aqui uma colherada de opinião – tantas vezes é atirado para cima do «Slaughter Of The Soul» dos At The Gates o ónus de responsabilidade pela enxurrada de todo o death metal melódico (e outras coisas mais) que se seguiu, pois bem, diria que, numa análise retrospectiva, parte dessas raízes são intimamente partilhadas aqui com o nosso aniversariante de hoje.

Anyway, mais interessante do que um de nós a atirar elogios ao «Heartwork», é mesmo deixar que sejam os próprios. E que tal se forem os próprios, mas numa versão mais imberbe do que já estamos habituados? Um Jeff Walker com 23 aninhos e um Ken Owen com 22, em 1992, sentados com a Vanessa Warwick no saudoso Headbanger’s Ball da MTV, numa altura em que o M ainda queria dizer “Music“?

A banda de Liverpool sempre foi uma das favoritas do programa que ajudou à formação metálica de tantos de nós, e viria a repetir até à quase-exaustão os vídeo-clips de «Heartwork» e «No Love Lost» (tal como já tinha feito com o de «Incarnated Solvent Abuse»), mas na altura desta entrevista, o «Heartwork» ainda não existia e a banda tinha acabado de terminar a lendária digressão europeia Gods Of Grind, na companhia dos Entombed, Cathedral e Confessor, e estava prestes a embarcar para os Estados Unidos.

Crucialmente, estava a meio do processo de composição do “álbum novo”, que viria precisamente a ser «Heartwork», cerca de um ano mais tarde. É delicioso ouvir estes dois jovens a falar daquele que dizem que iria ser o melhor álbum dos Carcass, e que seria 100% Carcass mas mais directo ao assunto, menos exploratório. Melhor ainda, os títulos de temas que tinham na altura, não definitivos, que incluíam «Carnal Forge», «Grave To The Grind», «Stigmata» ou «Work Of Heart», dos quais, como bem sabemos, só um é que “sobreviveu”. Pelo meio, ainda escolheram três temas para a audiência do programa apreciar – dos Confessor, Corrosion Of Conformity, e Judas Priest. Só por aí já se percebe bem o headspace diferente em que a banda já se encontrava.

Vale a pena entrar nesta máquina do tempo, através do player ali em baixo. E parabéns ao «Heartwork» e aos CARCASS, que continuam aí prontos para as curvas!