ANNISOKAY

No meio do caos e da desilusão política, BURTON C. BELL ergue a sua voz como uma sirene de alerta, denunciando a hipocrisia que contamina a sociedade e oferecendo riffs para enfrentar a tempestade.

BURTON C. BELL, lenda do metal industrial e figura icónica da música extrema, regressa em grande estilo com o lançamento de «Savages», um novo single que denuncia, sem rodeios, toda a hipocrisia política e religiosa que molda o presente. Conhecido como a voz original dos FEAR FACTORY, Bell solidificou a sua reputação como provocador implacável e visionário sonoro, e esta nova faixa não foge à regra.

Embora a carreira de Bell tenha sido largamente associada ao som industrial abrasivo e à fusão inovadora de metal e electrónica que definiu os FEAR FACTORY, «Savages» destaca-se pela aposta em riffs pesados e crus. Este registo mais “chunky” vem confirmar a versatilidade do músico e a sua vontade constante de experimentar novas abordagens musicais.

Segundo o cantor norte-americano, a inspiração para a letra de «Savages» surgiu-lhe num momento de desencanto e indignação: “A base da letra da «Savages» só surgiu no dia seguinte às tumultuosas eleições presidenciais“, revela Bell num comunicado. “Ao perceber que muitos cristãos evangélicos fecharam os olhos à escassa bússola moral de um candidato falível para o eleger como presidente, fiquei estupefacto.

Nesse momento decidi que o título de trabalho era adequado para descrever todos esses evangélicos que elegeram conscientemente um mentiroso compulsivo, um alegado adúltero prolífico, vigarista, criminoso condenado e racista declarado, cujo único objetivo é enganar todos à sua volta para alcançar o poder. Se este é o modelo da sua providência divina, não há deus que os salve agora.” Para terminar, Bell não deixa dúvidas sobre como «Savages» deve ser experienciado: “É para se ouvir no volume máximo“, rematou.

Num mundo em constante mutação, BURTON C. BELL decidiu recentemente adoptar uma estratégia que privilegia o foco e a atenção do público para cada canção individualmente. Em entrevista a Andrew Haug, o cantor explicou que, para já, não há planos para lançar um álbum completo: “Estamos a escrever temas e a lançá-los como singles. Quando tivermos o suficiente para um LP — ou talvez um EP — decidiremos o que fazer. Se conseguir apoio e financiamento para o fazer, lançarei um disco completo. Neste momento, estamos a escrever e a lançar temas como fazem os artistas de hip-hop.

O músico sublinhou que esta abordagem evita que as canções se percam no “éter” digital: “Percebi que, quando as bandas — principalmente as de rock — lançam álbuns, normalmente lançam um single antes, e depois, quando o disco sai, há outra música, mas o álbum acaba por se perder e ser esquecido. Portanto, eu prefiro que as pessoas prestem atenção a uma canção de cada vez. Quando tivermos o suficiente, juntamos tudo e adicionamos temas novos.

Bell estreou-se ao vivo com a sua banda a solo a 13 de Junho do ano passado, na mítica sala 1720 em Los Angeles. A formação que o acompanha conta com músicos de peso: Henrik Linde (THE VITALS, DREN) na guitarra, Ryan “Junior” Kittlitz (ALL HAIL THE YETI, THE ACID HELPS) na bateria, Tony Baumeister (dos ÆGES) no baixo e Stewart Cararas como multi-instrumentista.

Este novo capítulo junta-se a uma carreira repleta de colaborações memoráveis com nomes como Geezer Butler (dos BLACK SABBATH) e Deen Castronovo (dos JOURNEY), nos G/Z/R, bem como colaborações com Al Jourgensen e participações em álbuns de bandas como PITCHSHIFTER, CONFLICT, SOIL, STATIC-X, SOULFLY e DELAIN, entre muitas outras. Além de ser o vocalista dos ASCENSION OF THE WATCHERS e CITY OF FIRE, Bell foi o único músico a participar em todos os discos dos FEAR FACTORY entre 1992 e 2024, deixando uma marca inigualável na história da banda.

Após lançar os singles «Anti-Droid» e «Technical Exorcism» em 2024, bem como uma aclamada versão de «Du Hast», dos RAMMSTEIN em 2023, Bell prepara-se agora para uma tour na Austrália no próximo mês. Se «Savages» é indicativo do que está para vir, o público pode esperar muito mais do artista que se recusa a ficar calado num mundo que, cada vez mais, parece desmoronar.