Na zona do Parque das Nações, em tarde de Carnaval na capital, via-se muita gente a passear envergando máscaras dos seus personagens favoritas, incluindo alguns animais de estimação. Junto à Sala Tejo, o cenário era bem diferente e registavam-se já algumas filas de fãs que, ansiosamente, esperavam pela abertura das portas da Sala Tejo para mais uma noite de peso em Lisboa. Os ATREYU subiram ao palco às 19:30 e, determinados em fazer o melhor possível com os 30 minutos que lhes tinham sido alocados, deram início à actuação ao som de «Strange Powers Of Prophecy». O vocalista Brandon Saller é um homem enorme que impõe respeito, mas veio logo para a fila da frente cantar junto do público e liderou com punho de ferro meia-hora muito energética. Com o guitarrista Travis Miguel a falar bom português antes de se atirararem a «The Time Is Now», ainda nos deram também um cheirinho de «I Wanna Dance With Somebody», o clássico de Whitney Houston, depois de «Battle Drums» e, para fechar em grande esta estreia dos norte-americanos em Portugal, ouviu-se uma poderosa «Blow».
Alinhamento ATREYU: «Strange Powers Of Prophecy» | «Becoming The Bull» | «The Time Is Now» | «Ex’s & Oh’s» | «Save Us»| «Drowning» | «Battle Drums» | «Blow»
Presença habitual por cá nos últimos anos, os ucranianos JINJER voltaram a dar provas do excelente momento de forma que estão a atravessar e, com a carismática Tatiana Shmailyuk a envergar um fato florescente, os músicos de Donestk optaram por focar-se no seu mais álbum mais recente álbum de estúdio. Foi, portanto, de «Wallflowers» que retiram cinco dos temas do alinhamento, com destaque para «Copycat» e para a demolidora sequência «Colossus», «Wallflower» e «Call Me A Symbol», as três canções que encerraram de forma apoteótica este retorno a Lisboa. No final, ficou o registo de mais uma actuação sem falhas, dentro daquilo que nos têm habituado e, goste-se muito ou pouco do que fazem, não há como negar que os JINJER são uma máquina muito em oleada e uma prova inegável de que trabalhar no duro acaba sempre por, mais cedo ou mais tarde, compensar.
Alinhamento JINJER: «Who Is Gonna Be» | «Copycat» | «Home Back» |«Judgement» | «Pit» | «Perenial» | «Dead Hands» | «Colossus» | «Wallflower» | «Call Me A Symbol»
No entanto, como seria de esperar, o prato forte da noite foi mesmo a estreia em Portugal dos galeses BULLET FOR MY VALENTINE. Já com 3,000 pessoas na Sala Tejo, a questão era simples: como foi possível demorarem tanto tempo a chegar ao nosso país? Logo para começar, com a «Knives», ficou claro que o público sabia as letras dos temas de cor e salteado, e as cantorias em uníssono foram uma constante ao longo de todo o concerto. Uns dias antes, quando os Bring Me The Horizon actuaram na mesma sala, já tinha ficado no ar a ideia de que o público nacional anda quente e sedento por bons concertos. Aqui, dúvidas restassem, constatou-se que há, de facto, uma nova geração de fãs que faz recordar os tempos em que Portugal tinha um dos melhores públicos do mundo. Num alinhamento escorreito, que acabou por tocar em todas as fases da banda e em que todos os temas pareceram grandes momentos, é sempre difícil destacar pontos altos. No entanto, a reacção da plateia a «Heart Burst Into Fire» foi impressionante, passando-se o mesmo em «Shatter», «All These Things» e «Scream Aim Fire». Numa prestação irrepreensível e abrilhantada por bom som e um jogo de luzes maravilhoso, para o encore ficaram guardadas a excelente «Your Betrayal», a montanha russa de emoções que é a «Tears Don’t Fall» e, a finalizar, uma «Waking The Demon» dedicada ao público nacional e às bandas “suporte”. Nos bastidores, o tour manager dos BULLET FOR MY VALENTINE confessava que esta tinha uma das melhores noites desta digressão e que os músicos estavam impressionados com o público português. A verdade é que tinham toda a razão para estar e, se este público for marcando presença nos muitos concertos já agendados para Portugal este ano, o futuro está definitivamente em boas mãos.