Em semana de concertos esgotados, ainda faltavam algumas horas para a abertura de portas quando chegámos à Sala Tejo e as filas para entrar já eram de perder de vista. Segundo informação que obtivemos junto da organização, houve inclusivamente pessoas que passaram a noite no local para reservarem o seu lugar. Portanto, dúvidas restassem, aqui temos um indicativo irrefutável da dedicação dos fãs portugueses aos BRING ME THE HORIZON, o que por si só fazia prever uma noite bem quente no interior da sala lisboeta. Às 19:00 em ponto, os britânicos STATIC DRESS subiram ao palco e deram início aos procedimentos. A banda liderada pelo vocalista Olli Appleyard, que parece literalmente ter “bicho carpinteiro”, uma vez que não pára quieto um segundo que seja, assinou uma actuação de 30 minutos bem intensa, frente a um público mais do que disponível e participativo. Breve nota para Contrast, o guitarrista mascarado que, à laia de um Wes Borland, parecia ter caído ali de pára-quedas, mas acabou por dar um je ne sais quoi à prestação da banda.
Logo de seguida, tocaram os POORSTACY que, apesar de um vincado ADN hip-hop, revelaram uma atitude muito punk rock e se revelaram bastante mais pesados ao vivo que em disco. No final, aquilo que vimos foi um bom concerto, mas que foi ofuscado rapidamente pelas bandas que se seguiram. Apesar de terem tocado apenas 50 minutos, quando os horários previam que tocassem cerca de 70, os A DAY TO REMEMBER deram um concerto verdadeiramente demolidor. Desde os primeiros acordes de «Downfall» – com t-shirts a serem disparadas para o público – até às últimas notas de «Lauderdale», durante a qual foram atirados rolos de papel higiénico para a plateia, a banda da Florida não deu descanso e mostrou o porquê de ocupar o slot de special guests nesta digressão. No final, foi um daqueles concertos que soube a pouco, com o público completamente rendido ao desempenho da banda norte-americana em palco.
Os ponteiros do relógio já apontavam para as 22:00 quando os BRING ME THE HORIZON deram finalmente início à sua actuação e, assim que os músicos entraram em palco, a Sala Tejo foi de imediato inundada por um barulho ensurdecedor, digno de uma verdadeira beatlemania. As boas-vindas foram dadas ao som de «Can You Feel My Heart» e, como seria de esperar, o público cantou o tema de princípio ao fim. Aliás, essa foi precisamente uma das constantes durante todo o concerto, mostrando que a plateia esgotada sabia as letras de cor e salteado. Num alinhamento que alternou de uma forma muito equilibrada temas mais recentes, ouviram-se «straNgeRs» e «DiE4u», e muitos dos êxitos que os britânicos lançaram ao longo dos anos, «Parasite Eve» e uma impressionante «Shadow Moses» acabaram por ser outros excelentes exemplos da intensidade com que o público foi reagindo às canções. À semelhança do que tinha acontecido na última passagem do grupo por cá, incluídos no cartaz do VOA – Heavy Rock Festival, Oli Sykes esforçou-se para falar português sempre que se dirigiu ao público e, convenhamos, essa é uma daquelas manobras de aproximação que que cai sempre bem.
Numa actuação tão escorreita, os pontos altos foram mais que muitos, mas «Follow You», tocada em regime acústico, teve um impacto arrepiante e, «Drown», com Sykes a cantar nas grades junto ao público da primeira fila, elevou os níveis de intensidade à estratosfera. Num alinhamento que ainda não sofreu mudanças deste o início desta digressão, já se sabia que «Obey» e «Sleepwalking» estavam reservadas para o encore e, claro, os músicos tiveram uma vez mais o público, ininterruptamente aos saltos, numa explosão de energia contagiante, completamente à sua mercê. A encerrar o espectáculo com chave de ouro houve ainda tempo para ouvirmos «Throne», com Oli Sykes a mandar sentar os presentes para, à sua ordem, provocar uma explosão de gente a saltar no ar, em mais uma manobra visualmente impressionante. Posto isto, digerindo as reacções e toda a devoção à volta dos britânicos, não há como não ficar a achar que, quando voltarem, os BRING ME THE HORIZON provavelmente vão ter de tocar na sala principal da Altice Arena.