BLAZE BAILEY, o antigo vocalista da Donzela de Ferro, traz à capital um espectáculo centrado no álbum mais sombrio da banda, poucos dias após surpreender fãs alemães com uma canção nunca tocada ao vivo pelos IRON MAIDEN.
Trinta anos depois de ter dado voz a um dos capítulos mais controversos e melancólicos da história dos IRON MAIDEN, Blaze Bayley continua a provar que «The X Factor» envelheceu como um disco de culto — uma peça sombria, incompreendida no seu tempo, mas hoje revisitada com respeito e curiosidade. No passado dia 2 de Outubro, o cantor britânico subiu ao palco no festival Keep It True Rising, na Alemanha, para um concerto especial inteiramente dedicado a esse álbum de 1995, e o momento mais marcante da noite foi a estreia absoluta de «Justice Of The Peace», tema nunca tocada ao vivo pela banda original.
Gravada nas sessões de «The X Factor» e lançada como lado B do single «Man On The Edge», a canção foi composta por Steve Harris e Dave Murray, permanecendo até hoje um segredo para todos menos os fãs mais atentos da Donzela de Ferro. A interpretação de Blaze, intensa e emocional, foi captada por uma gravação que rapidamente se espalhou pelas redes sociais, transformando-se num acontecimento entre os seguidores mais devotos do universo Maideniano.
O concerto na Alemanha abriu uma digressão europeia de apenas onze datas, que vai terminar a 15 de Novembro, e cuja passagem por Portugal acontece precisamente esta noite, em Lisboa. O músico sobe ao palco do RCA Club para revisitar não só as canções de «The X Factor», mas também para reafirmar a importância do período que viveu com os IRON MAIDEN entre 1994 e 1999 — era de transição, marcada pela saída temporária de Bruce Dickinson e por um som mais introspectivo e atmosférico.
O reencontro de BLAZE BAILEY com o público português afirma-se, por isso, como muito mais que uma simples celebração de aniversário discográfico. É também uma espécie de reconciliação histórica. «The X Factor» foi um disco sombrio, nascido de tempos difíceis para Steve Harris, ainda a lidar com a separação conjugal e um desgaste emocional profundo. A voz grave de Blaze encaixou nesse contexto, dando corpo a temas como «Sign Of The Cross», «The Aftermath» ou «Fortunes Of War», que hoje são reconhecidos como dos mais complexos e maduros da carreira da banda.
Em Lisboa, o espectáculo promete recuperar essa dualidade: a nostalgia e a superação, o peso do legado e a força de quem o carrega. Blaze tem feito questão de afirmar que esta digressão é uma homenagem à sua própria jornada e ao espírito dos fãs que nunca deixaram cair o seu nome no esquecimento. “Cada concerto é uma celebração da música e das pessoas que acreditaram em mim quando era mais difícil fazê-lo”, disse recentemente o cantor numa entrevista a uma rádio alemã. “Tocar estas canções é recordar tempos duros, mas também é agradecer por ainda estar aqui, com a minha voz, a minha banda e o meu público.”
Hoje à noite, quando BLAZE BAILEY subir ao palco do RCA Club, não será só o ex-vocalista dos IRON MAIDEN a revisitar o passado — será o homem que sobreviveu a uma jornada árdua, marcada por altos e baixos. E, quem sabe, talvez o público português tenha também direito a ouvir «Justice Of The Peace», a peça esquecida que o tempo finalmente decidiu libertar do silêncio.















