Andy Biersack reflete sobre a identidade, a exclusão e o futuro dos BLACK VEIL BRIDES num tema com peso e fúria.
Após uma muito bem sucedida digressão conjunta com as BABYMETAL, os norte-americanos BLACK VEIL BRIDES regressam com nova música e um novo rumo. O single «Hallelujah», lançado esta semana, marca o início de um novo capítulo para a banda oriunda de Los Angeles, que se prepara para editar o próximo álbum ainda em 2025. Produzido por Andy Biersack e Jake Pitts, o single conta com a participação do coro One Voice Ensemble, de Tampa, e dá o tom para aquilo que o vocalista descreve como “o disco mais pesado e mais honesto que já fizemos.”
Com uma sonoridade crua e agressiva, «Hallelujah» assume-se desde logo como uma evolução notória do espírito fundacional dos BLACK VEIL BRIDES, mas com um olhar maduro sobre as tensões sociais, o papel da arte e a busca por autenticidade num mundo cada vez mais polarizado. A escolha do título, com ressonância religiosa, não é inocente — Andy Biersack utiliza-o como metáfora para a catarse emocional e a libertação pessoal.
“A «Hallelujah» é uma canção importante para nós, não só por ser o primeiro tema do nosso novo disco, mas também porque simboliza aquilo que aí vem”, afirma o vocalista dos BLACK VEIL BRIDES. “A nível narrativo, representa os temas e ideias que exploro nas letras — estou fascinado com o estado actual do discurso público, com o modo como damos mais valor à certeza ideológica do que propriamente à empatia e à humanidade.”
Essa tensão entre pertença e exclusão atravessa toda a história da banda desde a estreia com «We Stitch These Wounds» em 2010. Nesse primeiro álbum, ouvia-se a voz do avô de Andy Biersack dirigir-se aos “outcasts”, aos excluídos. Quinze anos depois, Biersack afirma que esta nova fase representa “a evolução natural dessa mesma ideia”, agora mais carregada de frustração e questionamento, mas também mais convicta no seu apelo à liberdade individual.
“Ao longo dos anos criámos uma ligação tremenda com o nosso público, mas isso foi muitas vezes desvalorizado ou mal interpretado pela cena. Estamos num ponto de viragem cultural e quero poder falar abertamente sobre o quanto acredito em sermos fiéis a nós próprios, sem medo da histeria coletiva ou da censura dos nossos pares.”
O single sugiu acompanhado por um vídeo-clip animado realizado por Marco Pavone, conhecido pelo seu trabalho com nomes como os THE BLACK DAHLIA MURDER ou os PINK FLOYD. Com uma estética sombria e simbólica, o vídeo reforça a densidade conceptual da canção e antecipa uma estratégia visual mais ambiciosa por parte dos BLACK VEIL BRIDES, que prometem continuar a lançar novos conteúdos nas próximas semanas.
A estreia ao vivo de «Hallelujah» acontecerá já no dia 26 de Julho, na Warped Tour em Long Beach, na Califórnia, dando o pontapé de saída para uma série de actuações do grupo nos principais festivais norte-americanos: Louder Than Life (a 20 de Setembro), Rock The Locks (a 26 de Setembro) e Aftershock (a 5 de Outubro). Logo depois, os BLACK VEIL BRIDES embarcam numa tour sul-americana com seis datas em nome próprio, antes de integrarem a We Missed Ourselves Tour 2025, na companhia dos UNDEROATH, SILVERSTEIN, SENSES FAIL e I SET MY FRIENDS ON FIRE.
O sucessor do EP «The Mourning», de 2022, ainda não tem título nem data de lançamento confirmados, mas «Hallelujah» já deixa antever um regresso às origens sem perder a consciência crítica que os BLACK VEIL BRIDES adquiriram com o tempo. Entre o peso instrumental e a densidade lírica, a banda parece querer resgatar o seu papel enquanto voz de uma geração desiludida, mas não resignada. E se este for de facto o disco mais sincero da sua carreira, como promete Biersack, então será um dos mais necessários.