BLACK SABBATH

BLACK SABBATH: 50 anos de «Sabbath Bloody Sabbath»

Meio século depois, o quinto álbum dos BLACK SABBATH continua a ser um título essencial em qualquer colecção de heavy metal.

Lançado originalmente a 1 de Novembro de 1973 pela Vertigo Records, o quinto álbum dos BLACK SABBATH foi editado há exactamente meio século. O disco foi produzido pela própria banda nos Morgan Studios, em Londres, no Reino Unido, durante o mês de Setembro de 1973. Agora sabemos que, provavelmente, foram estas sessões de gravação que precipitaram a implosão da formação original da famosa banda de Birmingham uns anos depois, com o cansaço acumulado ao longo dos anos (e o crescente uso e abuso de substâncias ilícitas) a criarem tensão no seio do quarteto então formado por Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward.

Após o final da digressão mundial de promoção a «Vol. 4», que se prolongou de 1972 a 1973, o grupo voltou a Los Angeles para começar a trabalhar no seu próximo disco. Satisfeitos com o resultado obtido em «Vol. 4», os músicos optaram por tentar recriar a atmosfera de gravação e regressaram aos estúdios Record Plant. No entanto, antes de começarem a gravar, ainda no início do Verão de 1973, alugaram uma casa em Bel Air e começaram a escrever, mas, devido em parte ao uso de drogas e à fadiga acumulada, não conseguiram completar um único tema.

As ideias não estavam a fluir da mesma forma que tinham fluído no «Vol. 4» e começámos a ficar realmente descontentes“, explicou uns anos mais tarde o guitarrista e compositor Tony Iommi. “Estava toda a gente sentada à espera que eu pensasse em alguma coisa. E eu simplesmente não conseguia pensar em nada. E se eu não pensava em nada, pois bem… Ninguém fazia nada“.

Depois de um mês em Los Angeles sem resultados e de terem descoberto que a sala que tinham usado para gravar o «Vol . 4» estava ocupada por um “sintetizador gigante” propriedade de Stevie Wonder, os quatro músicos optaram por regressar ao Reino Unido, onde alugaram o Clearwell Castle, em Gloucestershire, Inglaterra, onde nomes como LED ZEPPELIN, MOTT THE HOOPLE e DEEP PURPLE já tinham feito sessões de composição e de gravação em anos anteriores.

O ambiente medieval revitalizou musicalmente a banda, mas deixou também uma “pegada” sinistra nos temas que escreveram e gravaram. Nas liner notes de «Reunion», o baixista Geezer Butler recordam que ensaiaram nas masmorras do castelo e explica que a experiência foi “realmente assustadora. No entanto, também tinha um pouco mais de atmosfera, conjurou coisas e começámos a escrever de novo.

Durante algum tempo pensávamos que a banda podia ter acabado, mas quando o Tony apareceu com o riff inicial da «Black Bloody Sabbath», olhámos uns para os outros e percebemos que estávamos de volta“, explica Geezer. Foi esse o tema que deu o mote para tudo o que se seguiria, com o quarteto a registar um total de oito temas.

Fazendo um esforço concentrado para provarem que os seus críticos estavam errados, os BLACK SABBATH optaram por expandir o seu campo de acção e, em temas como o de título, «A National Acrobat» ou «Killing Yourself To Live», brilharam com um novo nível de subtileza e maturidade. Apesar de, em grande parte, se manterem fiéis à estética desenvolvida nos discos que tinham gravado até então, os quatro músicos começaram a dar ainda mais atenção aos detalhes, algo que se nota perfeitamente nos padrões de produção do álbum, nos arranjos dos temas e até mesmo na escolha da arte para a capa.

Como resultado, graças à execução quase perfeita a todos os níveis (o único defeito a apontar acaba por residir apenas na inconsistência do uso de alguns teclados), em «Sabbath Bloody Sabbath» até mesmo as experiências mais aventureiras — como é o caso da «Spiral Architect» carregada de cordas — soam naturais e, acima de tudo, vitais.

O que, verdade seja dita, é um feito se considerarmos que estavam cada vez mais próximos da implosão a nível pessoal. Feitas as contas, o «Sabbath Bloody Sabbath» foi, sem dúvida, a quinta obra-prima que os BLACK SABBATH gravaram num período de apenas quatro anos, e continua a ser um título essencial em qualquer colecção de heavy metal.