Os BLACK SABBATH homenageiam Ozzy Osbourne: o homem que deu voz ao abismo.
O impacto da morte de Ozzy Osbourne, aos 76 anos, continua a fazer-se sentir em ondas sísmicas por todo o mundo do rock e do heavy metal. No entanto, poucas homenagens têm tanto peso como as que chegam daqueles que estiveram ao lado do vocalista nos primórdios da criação do género. Foi o caso de Tony Iommi, guitarrista e cofundador dos BLACK SABBATH, que recorreu às redes sociais para expressar a sua dor pela perda do amigo de uma vida: “O Geezer, o Bill e eu perdemos um irmão.”
“Simplesmente não consigo acreditar,” escreveu o guitarrista dos BLACK SABBATH na sua conta oficial de X/Twitter. “O meu querido, querido amigo Ozzy partiu apenas semanas depois do nosso concerto em Villa Park. É uma notícia tão devastadora que mal consigo encontrar palavras. Nunca haverá outro como ele. O Geezer, o Bill e eu perdemos um irmão. Os meus pensamentos estão com a Sharon e com toda a família Osbourne. Descansa em paz, Oz. Tony.”
A referência a Villa Park não é meramente simbólica. Foi precisamente naquele estádio em Birmingham, terra natal dos BLACK SABBATH, que Ozzy e os seus companheiros de banda subiram juntos ao palco pela última vez, há apenas 17 dias, no histórico concerto Back To The Beginning. O evento, que desde logo ganhou contornos cerimoniais, contou ainda com atuações de bandas como METALLICA, GUNS N’ ROSES, TOOL, SLAYER e PANTERA, numa verdadeira celebração da história do metal. Para os fãs, foi um reencontro com as raízes. Para os músicos, revelou-se uma despedida não anunciada.
Geezer Butler, baixista da formação original dos BLACK SABBATH, também partilhou a sua homenagem. No Instagram, o músico britânico lembrou os primeiros dias da banda em Aston, subúrbio operário de Birmingham, e agradeceu pela jornada partilhada ao longo de décadas: “Adeus, meu querido amigo — obrigado por todos estes anos — divertimo-nos muito. Quatro miúdos de Aston — quem diria, hein?” E acrescentou: “Fico tão feliz por termos conseguido fazê-lo uma última vez, de volta a Aston. Amo-te.”
Bill Ward, por sua vez, quebrou o silêncio com uma mensagem de rara carga emocional. O baterista recordou Ozzy numa nota publicada nas suas redes sociais: “Onde te vou encontrar agora? Nas memórias, nos abraços que nunca trocámos, nas chamadas que ficaram por fazer… não, estás para sempre no meu coração.” A mensagem estendeu-se ainda às famílias e aos fãs: “As minhas mais profundas condolências à Sharon e a todos os membros da família. Descanse em paz. O meu sincero pesar a todos os fãs. Nunca é um adeus. Obrigado para sempre.”
O percurso de Ozzy Osbourne e dos BLACK SABBATH começou em 1968, quando Iommi, Butler, Ward e Osbourne se juntaram para formar uma banda que mudaria a história da música. Com o lançamento do álbum de estreia homónimo em 1970, os BLACK SABBATH abriram as portas de um novo mundo sonoro: mais sombrio, mais pesado e mais transgressor. O riff de Tony Iommi em «Black Sabbath», o baixo cavernoso de Geezer Butler, a bateria arrastada de Bill Ward e a voz perturbadora de Ozzy criaram o protótipo do que viria a ser conhecido como heavy metal.
Ao longo dos anos, apesar das separações, das lutas pessoais e dos recomeços, os laços entre os quatro membros originais dos BLACK SABBATH mantiveram-se vivos. O concerto de Julho em Birmingham foi, para muitos, um milagre inesperado — a última centelha de uma chama que iluminou gerações. Agora, com a morte de Ozzy, essa chama ganha contornos de lenda.
Iommi e Butler, homens de poucas palavras públicas, deixaram claro que a ligação com Ozzy ultrapassava o palco. Eram irmãos de armas, unidos por uma juventude partilhada nas ruas cinzentas da Birmingham industrial e por uma carreira que lançou as fundações de um género musical inteiro.
Nas próximas horas, muitas homenagens continuarão a surgir. No entanto, para os BLACK SABBATH, esta perda é pessoal, profunda e definitiva. A morte de Ozzy Osbourne não é apenas o adeus a um ícone. É o fim de uma fraternidade que começou há mais de meio século — uma irmandade que não se pode repetir. “Nunca haverá outro como ele,” escreveu Iommi. E o mundo inteiro do metal sabe que é verdade.















