THE INSPECTOR CLUZO

Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward garantem: “Os BLACK SABBATH originais nunca mais subirão juntos a um palco.”

Como é já do conhecimento geral, os BLACK SABBATH, pais fundadores do heavy metal, estão prestes a colocar um ponto final definitivo numa história que moldou todo um género musical. A formação original — Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward — voltará a juntar-se para o concerto especial Back To The Beginning, marcado para o próximo Sábado, dia 5 de Julho, no Villa Park, em Birmingham, e os quatro músicos garantem que este será, de facto, o derradeiro acto da sua carreira conjunta.

A confirmação chega através de uma entrevista publicada pela revista Classic Rock, descrita como sendo a “última” concedida pelos quatro membros originais dos BLACK SABBATH em conjunto. Apesar de terem um histórico marcado por anúncios de despedida seguidos por regressos inesperados, as declarações da banda não deixam grande margem para dúvidas.

“Esta é a minha despedida. Sinto-me muito abençoado por poder dizer adeus aos fãs com a ajuda de tantos músicos e amigos incríveis”, afirmou Ozzy Osbourne, frisando a importância simbólica deste reencontro e acrescentando: “A palavra não é ‘importante’. É final. Os BLACK SABBATH originais nunca mais vão subir juntos a um palco”. Também Geezer Butler reforçou esse ponto, destacando o papel crucial de Bill Ward nesta última reunião.

“O objectivo deste último concerto era terminar com os quatro originais a tocar juntos. Eu não o teria sequer contemplado sem o Bill”, esclareceu o baixista. Já Tony Iommi, que, há cerca de uma década, lutou contra um cancro revelou algumas reservas iniciais quanto a participar: “Não queria fazer este concerto. Já tinha fechado a porta. Mas aceitei porque somos nós todos”.

Com os quatro músicos na casa dos 70 anos — e com desafios de saúde significativos, como a neuropatia de Bill Ward ou os problemas de locomoção de Ozzy Osbourne —, a hipótese de uma nova reunião parece cada vez mais remota. “Eu aprendei a nunca dizer nunca”, ponderou Butler, “mas acho mesmo que este vai ser o fim. A menos que alguém nos desenterre ou use o nosso ADN para recriar os BLACK SABBATH no futuro”.

Apesar deste espectáculo final querer celebrar a longevidade e o legado da formação clássica dos BLACK SABBATH, algumas mágoas ainda ecoam, especialmente no que diz respeito ao álbum «13», lançado em 2013. Produzido por Rick Rubin, o longa-duração foi o primeiro da banda com Ozzy desde o «Never Say Die!» de 1978, mas acabou por ser alvo de críticas internas por parte de Iommi e Butler.

“Levei três CDs cheios de ideias para Los Angeles, mas o Rick Rubin obrigou-nos a simplificar tudo. Queria que soasse como o primeiro álbum. Mas isso não se recria. Algumas músicas soavam muito melhor quando as trabalhávamos em minha casa — soavam mais… vivas”, lamentou Iommi, acrescentando que tentou, sem sucesso, iniciar um novo projeto discográfico com os BLACK SABBATH após esse lançamento.

Geezer Butler, por sua vez, expôs a frustração com o processo de escrita das letras: “Fui levado a acreditar que o Ozzy ia escrever todas as letras, mas o Rick Rubin insistiu que fosse eu a escrevê-las. Tive de alterar as coisas do Ozzy e escrever o resto à pressa. Gosto que as letras dos BLACK SABBATH tenham significado, mas tentar pensar em treze temas na noite anterior às gravações deu-me muitas dores de cabeça”. Ainda assim, o baixista destacou alguns temasde que ainda se orgulha: «God Is Dead?», «Zeitgeist», «Damaged Soul» e «Dear Father».

Agora, o Back To The Beginning, que vai ser transmitido para todo o mundo, promete uma celebração memorável da ilustre carreira dos BLACK SABBATH, não só pela derradeira reunião da formação clássica, mas também pela presença de um elenco de convidados especiais que prestarão homenagem ao legado do quarteto de Birmingham. Os lucros do evento, há muito esgotado, revertem para várias instituições de caridade locais, reforçando o simbolismo do regresso à cidade onde tudo começou.

No fim, resta a memória e o impacto inegável de uma banda que, como Ozzy Osbourne salientou, “provavelmente é das únicas dos anos 60 cujos elementos originais ainda estão todos vivos — e a falar uns com os outros”. Este é, segundo dizem, o adeus verdadeiro. E se desta vez for mesmo para valer, a lenda termina onde nasceu.