Tudo o que precisas de saber sobre o álbum de estreia dos BLACK SABBATH, a pedra basilar do heavy metal.
“What is this that stands before me?” ainda hoje pode causar desconforto a quem decida escutar a faixa da abertura do primeiro disco dos ingleses BLACK SABBATH sem conhecer algo sobre o disco ou o grupo. A chuva, os acordes de guitarra, a bateria, o som que entra em fade in, para receber esta primeira frase de Ozzy… toda uma sensação auditiva, que pode ser ampliada se o ouvinte segurar na capa do disco e tiver aquela eventual bruxa que olha de frente, qual personagem do “The Ring“.
São noventa segundos que dificilmente não deixarão uma qualquer impressão em quem os escuta. Depois, apenas se segue um dos maiores discos de sempre do heavy metal. Um trabalho fundador e obrigatório para perceber os BLACK SABBATH, e a génese do metal. São sete faixas, ou melhor dez faixas, que abriram toda uma nova dimensão sonora.
É esse trabalho que completa agora cinquenta e três anos sobre a edição britânica, sendo apenas lançado nos Estados Unidos a 1 de Junho de 70. Tony Iommi, Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Bill Ward foram os músicos que nele intervieram. Se Ozzy é a figura pop indiscutível, amado por todos, Iommi é na realidade o cérebro por trás da máquina e o único elemento presente até ao último trabalho do grupo.
Muito foi já dito por este disco que atingiu o oitavo lugar na tabela de vendas britânica e que não ultrapassou o 23º lugar do outro lado do Atlântico. No entanto, em 1989, a Kerrang! considerava-o em número 31 entre os 100 melhores discos de heavy metal de sempre, para depois figurar entre os melhores em inúmeras listas.
Poderá não ser o melhor álbum dos BLACK SABBATH, isso até é discutido aqui, mas é um disco basilar que ajuda a definir estilos e serviu de inspiração a incontáveis bandas e até ajudou a fundar uma corrente, o doom metal. Músicos tão díspares como Lars Ulrich ou Kurt Cobain assumiram a influência da banda e disco na sua obra. É um trabalho que começa logo pela capa, obtida a partir de uma foto em Mapledurham Watermill, e da autoria de Markus Keef. Uma velha casa vitoriana, com aspecto sombrio e na frente, olhando fixamente, uma personagem, facilmente tomada como bruxa.
Estava-se em 1970 e a Hammer distinguia-se no campo do cinema de terror, com uma imagética semelhante. Lá dentro, sete faixas. Abrindo com a premonitória «Black Sabbath», segue-se «The Wizard», um poema inspirado na obra de Tolkien, e uma referência a Gandalf. Já «Behind The Wall Of Sleep» vem de um conto de H.P. Lovecraft, e assim ao terceiro tema, já dois autores recorrentemente seguidos no heavy metal, são citados.
O disco prossegue com outros temas clássicos, mas para a edição americana não foram suficientes e a editora resolveu “acrescentar” mais algumas canções. Na realidade, apenas uma faixa difere, pois a edição britânica, e europeia, contém «Evil Woman». No restante, os americanos pegaram em trechos dos temas e renomearam-nos, assim «Behind The Wall of Sleep» e «N.I.B.» foram cortadas ficando a sequência americana como «Wasp», «Behind The Wall Of Sleep», «Bassically» e «N.I.B.».
Gravado num dia, com o escasso reportório que os antigos EARTH, assim se chamava a banda de Birmingham, tinha para se apresentar em bares, «Black Sabbath» não foi o disco que abriu portas ao grupo, esse seria «Paranoid», o seguinte, mas abriu as portas do heavy metal, como ninguém ousaria imaginar.