IRONMAIDEN

Greg Ginn continua a ser o único membro original enquanto os BLACK FLAG, que tocam em Portugal este Verão, tentam escrever um novo capítulo da sua história turbulenta.

Os BLACK FLAG, sem dúvida uma das bandas mais influentes da cena hardcore punk norte-americana, já estão novamente envolvidos em turbulência. Após a separação da formação com que andaram a tocar na última década, o guitarrista Greg Ginn anunciou recentemente uma nova formação e prometeu também o lançamento das primeiras canções inéditas desde 2013. Ginn, figura central e o membro fundador do grupo, permanece como único elemento original nesta nova encarnação da banda.

O anúncio foi feito através da conta oficial de Instagram dos BLACK FLAG, revelando que o vocalista Max Zanelly, o baixista David Rodriguez e o baterista Bryce Weston se juntam agora a Greg Ginn. No mesmo comunicado, aproveitoaram também para levantar o véu sobre o futuro próximo, prometendo actuações ao vivo, como a que está agendada para o Vagos Metal Fest, e um novo capítulo criativo. “Estamos a virar a página”, lê-se na publicação. “Os BLACK FLAG estão a entrar numa nova era — e estamos entusiasmados por dar as boas-vindas a três novos membros incríveis… a nova formação já está em estúdio e também na sala de ensaios — a escrever, a improvisar e a trazer energia renovada.”

A acontecer efectivamente, esta será a primeira vez em mais de uma década que os BLACK FLAG lançam material novo. O último álbum, «What The…», editado em 2013, marcou o regresso do nome às edições discográficas, mas rapidamente foi alvo de críticas negativas tanto por parte dos fãs como da imprensa especializada. O próprio Greg Ginn reconheceu, mais tarde, que o disco ficou aquém das expectativas.

Desde esse lançamento atribulado, o nome BLACK FLAG tem estado associado a múltiplas polémicas. Pouco tempo após a edição de «What The…», o vocalista Ron Reyes, que havia regressado ao grupo para a gravação do álbum, foi despedido em pleno palco. Meses depois, Reyes viria a acusar Ginn de abuso infantil, numa denúncia que surgia na sequência de alegações feitas por Marina, ex-mulher do guitarrista. Registos públicos do tribunal de Long Beach, na Califórnia, confirmam que Ginn declarou no contest (sem contestação) à acusação de violência doméstica naquele mesmo ano, tendo sido condenado a três anos de liberdade condicional.

As controvérsias pessoais somaram-se aos conflitos profissionais. Em 2013, Ginn processou três antigos elementos dos BLACK FLAGKeith Morris, Chuck Dukowski, Dez Cadena e Bill Stevenson — por alegadamente usarem indevidamente a marca registada da banda ao reunirem-se sob o nome FLAG. O processo acabaria por ser resolvido em tribunal no ano seguinte, mas contribuiu para a divisão entre os fãs e o descrédito em torno da liderança de Ginn.

Apesar de todo este passado conturbado, o anúncio da nova formação parece indicar uma tentativa de recomeço. Ainda não foram revelados detalhes concretos sobre datas de lançamento, digressões ou novos temas, mas a promessa de “energia renovada” sugere que os BLACK FLAG, por mais irreconhecíveis que possam parecer face aos dias fundadores, ainda não disseram a última palavra. Resta saber se a nova era consegue resgatar algum do espírito subversivo que fez da banda um ícone do punk ou se será só mais um capítulo numa história marcada tanto pela criatividade como pela discórdia.