Mais um tema a antecipar a chegada de «The Blue Nowhere», o novo álbum dos BETWEEN THE BURIED AND ME.
Os norte-americanos BETWEEN THE BURIED AND ME continuam a rasgar fronteiras estilísticas com o lançamento de «Absent Thereafter», o segundo single do aguardado novo álbum «The Blue Nowhere». Após o groove contagiante que dominou «Things We Tell Ourselves in the Dark», divulgado durante o mês passado, a banda norte-americana eleva agora a fasquia com uma faixa de dez minutos que parece condensar — e subverter — décadas de referências musicais numa só viagem caleidoscópica.
Descrita pelo vocalista Tommy Rogers como “divertida, intensa, espacial e, ainda por cima, bem pesada”, «Absent Thereafter» arranca com uma bateria em modo alarme e guitarras em ziguezague metálico, acompanhadas pelos característicos guturais de Rogers. No entanto, o tema envereda rapidamente por territórios inesperados: grooves sincopados, passagens de thrash, interlúdios jazzísticos conduzidos pelo baixo e até um segmento a meio caminho entre o power metal e o country sulista, com guitarras a imitar banjos e pedais duplos em rigor metronómico.
“Gosto de pensar que esta música leva o ouvinte numa viagem inesperada, com doces auditivos à espreita em cada esquina”, acrescenta Rogers, sublinhando que este tema é “uma imersão ainda mais profunda nos lugares dinâmicos para onde somos levados ao longo de «The Blue Nowhere».” Já Dan Briggs, um dos guitarristas dos BETWEEN THE BURIED AND ME, não esconde o entusiasmo pelo caos controlado desta nova canção, descrevendo-a como uma fusão entre “shuffle à Van Halen com sopros à Huey Lewis And The News”.
Com estas palavras, a banda dá pistas não só sobre o espírito livre e transgénero do novo disco, mas também sobre a confiança que deposita nesta fase da sua carreira. Formados no início dos anos 2000, os BETWEEN THE BURIED AND ME são conhecidos pela sua abordagem visionária ao metal progressivo, onde cabem tanto os blastbeats como os sintetizadores retro, os solos jazz como os refrões cósmicos. Com álbuns conceptuais como «Colors» e «The Parallax II: Future Sequence», cimentaram uma base de fãs fervorosa e uma reputação de imprevisibilidade artística.
Como noticiado anteriormente, o regresso dos BETWEEN THE BURIED AND ME está marcado para 12 de Setembro, data de lançamento de um novo álbum intitulado «The Blue Nowhere». Como antecipação, a muito aplaudida banda norte-americana de metal progressivo já tinha apresentado o primeiro single de avanço, «Things We Tell Ourselves In The Dark», acompanhado por um vídeo-clip realizado por Miles Skarin.
O primeiro avanço para o álbum, que pode ser ouvido em baixo, mostra exactamente essa dualidade emocional e estilística. Com quase oito minutos de duração, a faixa abre com um groove muito funky e influências de fusão jazz, para depois, já perto do terceiro minuto, explodir numa torrente de metal bem extremo e estruturas progressivas densas — antes de regressar, surpreendentemente, à descontracção jazzística. É um exercício de tensão e libertação que mostra em toda a sua plenitude a elasticidade sónica que sempre caracterizou os BETWEEN THE BURIED AND ME.
O vídeo do single, realizado por Miles Skarin, recorre a uma complexa simulação de partículas que demorou 17 horas a ser processada e renderizada. Visualmente deslumbrante, o clip reforça o carácter caleidoscópico da música e a sua capacidade de nos transportar entre estados emocionais e realidades estéticas distintas.
Com quase 25 anos de carreira, os BETWEEN THE BURIED AND ME continuam a expandir os limites do metal progressivo com a mesma ambição conceptual e técnica que os tornou uma referência do género. «The Blue Nowhere», o novo trabalho de estúdio, chega três anos após o duplo «Colors II» e representa uma mudança de abordagem: em vez da habitual narrativa conceptual que liga todas as faixas, desta vez cada uma das dez canções assume vida própria.
“É uma coleção que existe num mundo que não está preso a uma linha narrativa”, explica Tommy Rogers, a voz dos BETWEEN THE BURIED AND ME, acrescentando que as letras se assemelham a “entradas de diário, pensamentos fugazes e introspectivos — caóticos, por vezes, consoante a música”. Segundo Rogers, a composição partiu da visão do baixista Dan Briggs.
“A canção nasceu do génio maníaco do Dan. Fala sobre a nuvem negra que é o ego, por isso tentei abordá-la vocalmente com um tipo diferente de confiança, quase como se fosse uma canção pop… mesmo levando-te por avenidas loucas, podes simplesmente sentar-te e cantar”.
A visão de Briggs completa a ideia: “É uma das raras canções que comecei com o baixo e esse groove fundacional, ao mesmo tempo que tentava manter uma ideia melódica relativamente simples, mesmo que o ritmo ficasse denso. Gosto quando as nossas composições parecem virar páginas para outras dimensões, mas achei importante que esta fluísse de forma contínua. Mesmo quando se torna pesada, queria que, no fundo, soasse como se fosse a banda do Prince a tocar — mantendo o funk”.
Produzido por Jamie King, colaborador de longa data da banda, «The Blue Nowhere» marca também uma inovação instrumental significativa no universo dos BETWEEN THE BURIED AND ME: é o primeiro disco da banda a incluir secções dedicadas de cordas e metais. Essa escolha aponta para uma paleta sonora ainda mais ampla e detalhada, capaz de integrar as explosões caóticas de metal técnico com passagens mais cinematográficas e melódicas.
O álbum será também o primeiro desde a saída do guitarrista Dustie Waring, que se afastou do grupo em 2023 na sequência de acusações de agressão sexual. Embora tenha regressado brevemente para um concerto num festival, o músico acabou por abandonar novamente os BTBAM, deixando a banda como um quarteto para esta nova fase. Pela amostra, com «The Blue Nowhere», os BETWEEN THE BURIED AND ME parecem querer oferecer uma viagem mais fragmentada, emocionalmente crua e livre das amarras narrativas habituais — mas sem abdicar da complexidade técnica e expressiva que os caracteriza. O álbum já pode ser pré-encomendado através do site oficial da banda.

01. Things We Tell Ourselves In The Dark | 02. God Terror | 03. Absent Thereafter | 04. Pause | 05. Door #3 | 06. Mirador Uncoil | 07. Psychomanteum | 08. Slow Paranoia | 09. The Blue Nowhere | 10. Beautifully Human















