O único álbum de BATHORY a ser gravado num estúdio “a sério” foi editado a 27 de Maio de 1985.
Em 1985, o black metal estava vivo e de boa saúde graças a essencialmente dois nomes: VENOM e BATHORY. Ao longo dos anos muito se tem debatido acerca de quem merece crédito pela invenção do género na sua forma mais pura, mas parece-nos seguro afirmar que, sem grande margem para discussões, o segundo registo de longa-duração do projecto liderado pelo inimitável Quorthon aproximou o estilo da perfeição.
Após lançar um esforço limítrofe do thrash em 1984, o músico sueco combinou todas as suas influências, dos MOTÖRHEAD aos G.B.H. e, sob o título «The Return……», criou uma verdadeira obra-prima da música obscura e misteriosa. É mais ou menos óbvio que, pelo caminho, preparou o terreno para aquilo que, hoje, é classificado como o som definitivo do black metal. De resto, poucos são os outros álbuns, e ainda menos as bandas, que conseguem reunir tanto consenso entre os pioneiros da segunda vaga, seja o Fenriz dos DARKTHRONE, o Euronymous dos MAYHEM ou o pessoal dos IMMORTAL.
Reza a lenda que, em meados de Fevereiro de 1985 (provavelmente no dia 10), Quorthon entrou no Elektra Studio em Estocolmo com o baterista Stefan Larsson e o recém-recrutado baixista Andreas “Adde” Johansson, para iniciar as gravações do segundo álbum dos BATHORY. O título provisório para o disco seria, nessa altura, «Revelation Of Doom» mas, por razões puramente estéticas, «The Return Of Darkness And Evil», um tema já conhecido através da compilação «Scandinavian Metal Attack», de 1984, foi considerado um título muito melhor.
“Quando gravámos o nosso primeiro álbum tínhamo-nos esquecido completamente da «The Return Of Darkness And Evil»“, explicou Quorthon numa entrevista da época. “Portanto, queríamos gravá-la novamente para o segundo álbum. E esse título também era perfeito para o disco. Quando decidimos gravar uma introdução, à semelhança do que tínhamos feito com a «Storm Of Damnation» no primeiro álbum, pensei que seria justiça poética chamar à introdução «Revelation Of Doom»“.
O Elektra Studio foi escolhido simplesmente porque a banda já lá tinha estado antes para gravar «Sacrifice» e «The Return Of Darkness And Evil» para a «Scandinavian Metal Attack». No entanto, desta vez, a banda iria trabalhar com um novo equipamento de 24 pistas, o que lhe dava manobra para trabalhar com maior variedade de efeitos e sons, sobretudo em comparação com as condições muito mais primitivas que o oito pistas do estúdio caseiro de Quorthon, o Heavenshore, tinha para oferecer. Nem tudo foi um “mar de rosas”, no entanto.
A meio da gravação, o baixista Andreas foi despedido, com Quorthon a assumir o papel de baixista no resto da sessão. “Ele era uma alma problemática, mas um bom baixista“, assumiu anos depois o timoneiro do projecto. “Lembro-me que ligava dois pedais de efeitos , um Rotosound e um Tubescreamer, para criar aquele som de baixo único que eu nunca tinha ouvido antes. Era como uma criatura do inferno a rosnar.“https://loudmagazine.net/bathory-under-the-sign-of-the-black-mark-1987/
Editado a 27 de Maio de 1985, embora mantivesse a mesma estética maligna do primeiro álbum, a maior parte do material de«The Return……» apresentava um toque sombrio significativamente mais refinado. Na sequência do prólogo sinistro «Revelation Of Doom», o ouvinte é tomado imediatamente de assalto pela descarga de «Total Destruction» e os níveis de brutalidade vão aumentando rapidamente à medida que o disco roda e cospe clássico após clássico, especialmente no hino carregado de groove que é «Born For Burning».
De clássicos do speed metal como «Possessed» e «Son Of The Damned» até à obra-prima «The Rite Of Darkness/Reap Of Evil», não descurando a última faixa, onde o título completo do álbum é finalmente revelado, este álbum não é apenas um traço fundador de um género, mas sim uma das suas pedras basilares.