Não é inesperado, faz mesmo todo o sentido e só peca por tardio. O BARRACUDA – Clube De Roque, veio finalmente esclarecer alguns pontos sobre o que realmente aconteceu no passado Domingo, 11 de Setembro. Como a LOUD! noticiou oportunamente, estava agendada uma actuação com os russos MOSCOW DEATH BRIGADE, tendo como banda de suporte os nacionais DOINK. Desacatos entre um membro do grupo e um elemento do público degeneraram num episódio de violência que levou ao final abrupto da actuação e à fuga da dupla russa. Ontem, os músicos lançaram um longo comunicado em que mostravam a sua visão do sucedido, se identificavam como vítima e levantavam uma vertente mais política do acontecido. Hoje, através das redes sociais, a conhecida casa de espectáculos portuense, traz o relato de uma testemunha ocular que vem agora a público revelar tudo aquilo a que assistiu e que despolitiza por completo o sucedido. A precipitada politização do infeliz acontecimento, normal nos grupos que precisam dela para ganhar mediatismo, acabou a manchar internacionalmente a reputação de um lugar que até tem um perfil contrário ao que lhe pretenderam dar, diga-se.
De acordo com a declaração de hoje, e salientando apenas alguns dos pontos referidos, o concerto dos DOINK decorreu com toda a normalidade de um evento hardcore punk, podendo fumar-se, porque tal é permitido na sala. Em momento algum foi pedido pelos MOSCOW DEATH BRIGADE ao público para não se fumar mas, ainda na primeira música do alinhamento, o vocalista alertou um elemento do público para não o fazer, levando a que este saísse da sala para concluir o cigarro. Pouco depois surgiu outro elemento do público também a fumar e o vocalista, usando o microfone, dirigiu-se a ele em inglês no sentido de apagar o cigarro. A troca de palavras levou à cena de pugilato já aqui documentada. Em sequência da mesma, o membro da audiência surgiu com cortes profundos no abdómen e na cabeça, o que levou à revolta dos presentes e ao cancelamento do concerto. A direcção da casa interveio para cessar hostilidades e, ao contrário do que os músicos afirmam, tentou protegê-los. A LOUD! teve oportunidade de assistir a um vídeo em que claramente se percebe haver pessoas em palco, de costas para os músicos e a defendê-los, ao contrário do alegado no comunicado do grupo, que afirma não ter sido protegido.
Ainda de acordo com o testemunho surgido hoje, a gerência do BARRACUDA – Clube De Roque tentou sempre proteger a banda, ajudando inclusivamente os músicos a entrarem na carrinha em que viajavam. Em momento algum, e a LOUD! confirmou estas informações junto de várias fontes, foram arremessadas garrafas de vidro e apenas havia copos de plástico, o que é normal no local. A saída da banda acabou por agitar as pessoas ainda presentes e levou a novas agressões, que levaram à fuga precipitada dos músicos. Em momento algum, segundo a testemunha, existiram motivações políticas, ou se fez sentir algo do género. Ontem, já após o comunicado dos MOSCOW DEATH BRIGADE, que apenas veio incendiar o assunto, a sala portuense publicou várias fotos de autocolantes no seu interior, que revelam claramente o espírito da mesma. Diversos músicos e clientes do espaço manifestaram também o seu apoio e exprimiram o seu desagrado nas redes sociais do grupo. Tal como a impressão nos primeiros relatos do acontecimento, este novo testemunho faz perceber que o desagradável acontecimento apenas resultou do choque de atitudes e eventual excesso hormonal. Pena que a procura desesperada por exposição mediática tenha provocado, em certos quadrantes, uma precipitada caça às bruxas, contribuindo para denegrir a imagem uma casa que muito tem feito pelo underground portuense e uma pessoa que nas últimas décadas tem lutado pelo rock e pela música ao vivo na cena portuense.