BALANÇO 2012: RICARDO S. AMORIM

Estimados Leitores,

Dada a época de balanços, calhou-me estrear estas exposições individuais em que apresentamos, ou justificamos, as nossas escolhas de 2012.

Apesar de nunca ter escondido uma certa aversão a listas e a hierarquizar preferências, é um mal necessário pelo que abaixo encontrarão as minhas escolhas dos 10 melhores discos internacionais e 5 nacionais de 2012 que contribuíram para os resultados da redacção, visíveis no #142 que se encontra actualmente nas bancas, e esperamos que também nas vossas mãos.

Foi um ano de grandes álbuns, que tornou esta tarefa ainda mais penosa, ficando discos de fora que teriam superado muitos dos melhores dos dois anos anteriores. Propostas de bandas como Tragedy, Napalm Death, Orange Goblin, Black Breath, JK Flesh, Torche, Eagle Twin, OM ou tantas outras não couberam aqui mas nem por isso deixam de ser discos essenciais no panorama de peso de 2012.

Segue a minha lista de discos, recuperando o que já havia escrito em relação a muitos deles, com votos de bom 13 a todos.

Um abraço.

Ricardo S. Amorim

 

INTERNACIONAIS

1. Wovenhand – «The Laughing Stalk»
O que faz de «The Laughing Stalk» um álbum que não pode passar despercebido aos nossos leitores – e podem os mais ortodoxos discordar – é o facto de que o que mantém a vitalidade de um género não é a repetição ad nauseum de uma fórmula, mas a capacidade de absorver influências e reconfigurar diferentes sonoridades em algo único e transcendente. Foi, por exemplo, isso que sempre fez uma banda como Katatonia, inclusivamente com Wovenhand, podendo aqui sentir-se o que DEE terá absorvido da música mais pesada, de que é apreciador assumido. Por todos esses motivos, e outros aos quais as palavras não fazem justiça, «The Laughing Stalk» é o disco do mês para a Loud!, e algo de incomparavelmente mais especial que isso a quem se render aos seus inúmeros fascínios.” In #138

2. Converge – «All We Love We Leave Behind»
Falta-nos ainda uma distância temporal sobre «All We Love We Leave Behind» para podermos aferir sobre o seu impacto histórico, mas não há como negar que este é o disco mais dinâmico e cativante da carreira dos Converge e que soube inovar a sua sonoridade mantendo-se fiel às suas raízes.” In #142

3. Pig Destroyer – «Book Burner»
«Book Burner» é um álbum definidor de um género, autêntico paradigma de extremismo musical para os tempos vindouros, que cruza um olhar feito de referências passadas com uma reinvenção das mesmas. “ In #140

4. Deftones – «Koi No Yokan»
«Koi No Yokan» reclama o papel de protagonista na discografia da banda, fruto de uma composição dinâmica e inventiva em soluções e arranjos que representa, igualmente, o culminar do processo de revitalização criativa e anímica dos Deftones iniciado dois anos antes com «Diamond Eyes».” In #142

5. Graveyard – «Lights Out»
“Composição de grande nível que encontra forças nas suas subtilezas e procura a intensidade pela via introspectiva, resultando num álbum adulto e elegante, que recusa o adjectivo retro embora conviva da melhor forma com a herança dos 70s.” In #140

6. Swans – «The Seer»
“Com uma formação extremamente sólida, os Swans encontram-se talvez na melhor fase da sua carreira, que promete ser tão produtiva e influente quanto o período compreendido entre «Filth» (1983) e «Children Of God» (1987), facto ainda mais relevante por se seguir a um interregno de 13 anos.” In #142

7. Killing Joke – «MMXII»
Segundo trabalho dos Killing Joke após a reunião da formação original, este álbum é o yin do yang que foi «Absolute Dissent». Talvez menos imediato e indutor que o seu predecessor, são todavia dois discos que se complementam bem e demonstram a vitalidade de uma banda tão criativa hoje como há trinta e dois anos aquando da sua estreia.

8. Every Time I Die – «Ex Lives»
Desde a sua estreia em 2001, com «Last Night In Town», que os Every Time I Die demonstraram uma personalidade criativa bastante vincada e que os demarcou da vaga metalcore da altura. Foram melhorando a cada novo disco, recheados de malhas memoráveis, mas sempre pautados por alguns temas menos inspirados. Isso mudou com «Ex Lives», um grande álbum de uma banda no topo das suas capacidades criativas e performativas.

9. Neurosis – «Honor Found In Decay»
«Honor Found In Decay» representa uma procura constante, um incessante processo de evolução reflectido tanto no nosso mais íntimo ser como na nossa vida em comunidade, como componentes de um organismo único, que urge mudar.” In #139

10. Royal Thunder – «CVI»
Apesar das boas indicações num EP de estreia, os Royal Thunder foram a grande revelação de 2012, com um álbum de bom rock musculado com aroma sulista, e elevado a outro nível pela performance vocal de Mlny Parsonz.

 

NACIONAIS

1. Process Of Guilt – «FÆMIN»
Foi, sem sombra de dúvidas, o grande disco nacional de 2012 e a confirmação do valor e capacidade evolutiva dos Process Of Guilt, cujos trabalhos representam, invariavelmente, passos de gigante em relação aos seus antecessores. Além da consagração nacional, recebeu rasgados elogios de publicações referenciais, como a Decibel ou Pitchfork, e «FÆMIN» seria merecedor de figurar nos lugares cimeiros até do top internacional.

2. The Firstborn – «Lions Among Men»
A uma personalidade criativa já perfeitamente delineada, os The Firstborn acrescentaram uma maturidade composicional superior. As ideias têm o seu espaço de desenvolvimento, os arranjos são inteligentes e com bom gosto, o que se traduz num disco fértil em predicados.

3. Black Bombaim – «Titans»
Riffs, riffs e mais riffs. Texturas sonoras, solilóquios psicadélicos e divagações lisérgicas. Os Black Bombaim confirmaram todo o seu potencial com «Titans» e podem vir a ser um caso sério na cena europeia.

4. Besta – «Ajoelha-te Perante A Besta»
Castanhada de meia-noite, com um fotógrafo insano a castigar as suas cordas vocais e ouvidos de quem ousar vergar-se perante a Besta, que não podemos deixar de recomendar.” In #139

5. Simbiose – «Economical Terrorism»
Um exemplo de perseverança e de trabalho na cena nacional, os Simbiose editaram este ano o seu quinto álbum e continuam a ser a grande referência no crust d-beat luso.

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