AVENGED SEVENFOLD

AVENGED SEVENFOLD @ EVILLIVƎ FESTIVAL, MEO Arena, Lisboa | 30.06.2024 [reportagem]

Mais de uma década após nos terem visitado pela última vez, os AVENGED SEVENFOLD voltaram a Portugal para encabeçar o segundo dia de EVILLIVƎ FESTIVAL… Foram recebidos pela MEO Arena a rebentar pelas costuras, totalmente rendida à banda norte-americana.

Um dos nomes mais acessíveis e bem-sucedidos saídos do movimento metalcore que começou a entrar em ebulição no início do séc. XXI, os AVENGED SEVENFOLD regressaram finalmente ao nosso país para encabeçarem o segundo dia da edição de 2024 do EVILLIVƎ FESTIVAL, mais de uma década depois de nos terem visitado pela última vez.

Entretanto, sofreram mudanças, não só estilísticas como internas, e acabaram mesmo por ascender a um dos lugares de destaque no panteão do metal contemporâneo. Pelo caminho, recolheram discos de ouro e platina, com «Life Is But A Dream…» a marcar o regresso às edições em Junho do ano passado.

Ora bem, quando uma banda lendária e experiente retorna a um país em que a sua base de seguidores tem estado, literalmente, a crescer após anos de ausência, as expectativas são obviamente elevadas — e os AVENGED SEVENFOLD não desapontaram. Num dia que contou também com actuações dos WAKO, EMPIRE STATE BASTARD, ELECTRIC CALLBOY, SUICIDAL TENDENCIES e MEGADETH – acerca das quais vos falaremos de forma detalhada muito em breve – e em que se provou que uma arena cheia de público disposto a “dar tudo” faz realmente diferença, os músicos liderados por M. Shadows assinaram um concerto imaculado.

Acima de tudo, apoiado no seu metalcore injectado de hard rock e cheio de ganchos, e na sua evolução musical e destreza técnica que têm desenvolvido ao longo dos anos, o grupo norte-americano tratou de lembrar aos seus fãs portugueses porque os têm aguardado com tamanho entusiasmo.

Desta vez, pensava-se que o foco dos AVENGED SEVENFOLD estava firmemente fixado no mais recente lançamento, «Life Is But A Dream…», o disco de 2023 que inspirou a digressão europeia de Verão que terminou agora em Lisboa e tem gerado falatório, nem sempre consensual, entre os entusiastas do rock um pouco por todo o lado. O início da actuação, com M. Shadows a envergar uma balaclava, sentado numa cadeira de praia mesmo no centro do palco, enquanto a intro acústica de «Game Over» tocava através do sistema de som, confirmou essa expectativa. O tema seguinte, «Mattel», também do novo álbum, reforçou-a. No entanto, o que se seguiu foi uma verdadeira surpresa…

Apesar de terem pontuado este concerto de regresso ao nosso país com algum material mais recente, o quinteto evitou a tentação de mergulhar de cabeça no louco álbum de 2023 e traduzirem as suas ideias ultra-modernas em palco (generalizada na maior parte dos espectáculos desta tour) e levou os fãs numa viagem bastante emocionante, dominada por aquilo que só se pode descrever como uma fusão da força do metalcore com as melodias pegajosas da música pop.

Logo na sequência dos dois temas de abertura, os AVENGED SEVENFOLD trataram de energizar a MEO Arena com uma poderosa interpretação de «Afterlife», seguida por «Hail To The King», uma daquelas canções que há muito tempo é um pilar nos seus alinhamentos e goza de imensa popularidade entre os fãs. Verdade seja dita, a partir desse momento, o quinteto ficou de imediato com a sala em peso na mão — e, apoiados em canções tão celebradas (e cantadas em uníssono) como «Almost Easy», «Seize The Day», «Shepherd Of Fire» ou «Unholy Confessions» não mais a largaram.

Com um palco minimalista, em que brilharam os lasers e as luzes estroboscópicas a fazerem mais umas horas extra, os ecrãs posicionados na parte de trás e nos lados do palco foram projectando animações e imagens estilizadas da actuação e, além de complementarem bem a música, ajudaram a compensar uma produção de outra forma estática, sobretudo quando comparada com a brutal demonstração de poderio dos MACHINE HEAD (na noite de Sábado) e dos ELECTRIC CALLBOY (apenas umas horas antes).

Verdade seja dita, olhando à volta, também não nos pareceu que houvesse ali muita gente a pensar que uma produção mais ambiciosa podia ter aumentado o impacto dos AVENGED SEVENFOLD e percebe-se porquê. Evitando a manobra arriscada que teria sido apostar em demasiados temas novos quando a sua actual popularidade advém principalmente do material mais antigo, a sequência de clássicos, a presença enérgica em palco e a intrincada destreza musical que os caracterizam bastaram para enfeitiçar o público, e não deixaram dúvidas sobre o seu talento.

Depois de mais um tema novo, «Nobody», o entusiasmo atingiu um novo o pico em «Nightmare», outro tema icónico que originou aplausos e cantoria fervorosa, dando início à recta final sempre em crescendo, que teve seguimento com «A Little Piece Of Heaven», «Save Me» e, mesmo a fechar, «Cosmic». Feitas as contas, a actuação dos AVENGED SEVENFOLD no EVILLIVƎ FESTIVAL serviu como um crucial lembrete do seu compromisso em servir música de alta qualidade, que deixa seus fãs ansiosos pelo que está para vir, da sua adaptabilidade e, sobretudo, da qualidade de uma discografia de proporções icónicas.

ALINHAMENTO:

01. Game Over | 02. Mattel | 03. Afterlife | 04. Hail To The King | 05. Almost Easy | 06. Seize The Day | 07. Shepherd Of Fire | 08. Unholy Confessions | 09. Nobody | 10. Nightmare | 11. A Little Piece Of Heaven | 12. Save Me | 13. Cosmic