Com «In The Airwaves», os AVATAR regressam à velocidade e à fúria do thrash, na sequência da excentricidade náutica de «Captain Goat».
No final de Maio, os AVATAR abriram um novo e enigmático capítulo da sua carreira com o lançamento do single «Captain Goat», um tema que reforçou o compromisso inabalável dos músicos suecos com a reinvenção constante dentro do universo do metal. No entanto, agora decidiram pisar o acelerador e mergulhar de cabeça na fúria do thrash com «In The Airwaves». O segundo tema de avanço para o novo álbum da banda já pode ser escutado em baixo e marca um retorno à velocidade vertiginosa e ao peso abrasivo que, em tempos, definiu os momentos mais intensos da discografia dos suecos.
Segundo um comunicado de imprensa assinado pela própria banda, o single representa um desafio autoimposto: “Os AVATAR são definidos pelos desafios que nos colocamos a nós próprios. Desta vez, o desafio era voltar a um dos aspectos mais importantes do metal: a velocidade.” A banda não poupa nas palavras nem nas intenções: “Esta é a canção mais rápida que fizemos em muito, muito tempo, e sabe bem voltar a puxar o motor ao máximo. De certa forma, é um regresso a algo. Aproveitem a nossa raiva.”
E que raiva é essa. Longe do balanço insólito e quase circense de «Captain Goat», o novo single aposta tudo na agressividade e num ataque frontal. A faixa avança a todo o gás com uma sucessão de riffs incisivos, palhetadas travadas e ritmos trovejantes que pisam claramente o terreno do thrash, sem renunciar à identidade própria da banda. Johannes Eckerström, vocalista e figura de proa da formação, surge aqui especialmente visceral, explorando guturais mais agressivos nas estrofes e reservando um momento de melodia no refrão — um convite enigmático para “seguir o som da sua voz”.
Visualmente, o tema foi surge acompanhado por um vídeo-clip que alia imagens da banda em estilo freeze-frame com visuais psicadélicos e estroboscópicos, criando uma sensação de urgência e distorção coerente com a velocidade e intensidade da músico. A abordagem visual reforça o espírito directo e impiedoso de «In The Airwaves», ao mesmo tempo que evoca um certo espírito de colagem lo-fi, reminiscente de uma era mais crua e menos polida do metal.
Para os fãs mais antigos, este lançamento poderá recordar os dias em que os AVATAR se moviam num terreno mais próximo do death e do groove metal, antes de abraçarem em pleno a teatralidade e o lado conceptual que tem marcado os álbuns mais recentes como «Avatar Country» ou «Dance Devil Dance». Ainda assim, a nova canção não soa a regressão, mas sim a redescoberta — como se a banda estivesse a relembrar a si própria que a velocidade também pode ser uma arma de expressão emocional, e não apenas um truque de intensidade.
No geral, esta é uma marcada inflexão estilística relativamente ao que a banda tem apresentado nestes últimos anos. “Acho que será muito claro para quem ouvir «a Captain Goat» que as regras mudaram novamente”, explicou o vocalista dos AVATAR quando esse tema foi lançado. “Será sempre metal. Será sempre AVATAR. Nunca faremos a mesma canção duas vezes e vamos sempre encontrar formas de nos reinventarmos. É a única maneira que conhecemos de fazer isto, e a única forma de termos hipóteses de sermos os melhores que alguma vez fomos.”
Segundo Eckerström, «Captain Goat» apresenta-se como uma meditação sobre o sofrimento e a aceitação, usando o arquétipo de Satanás e a jornada da alma pelo submundo como pano de fundo espiritual. “É uma negociação com o estado brutal da existência e com a procura de aceitação à medida que se navega na escuridão implacável da vida”, explica ele.
Visualmente, os AVATAR não ficam atrás no arrojo. O vídeo-clip de «Captain Goat» transforma a música numa experiência sensorial que funde elementos de mitos antigos, lendas e folclore, tudo embalado com o característico sentido de humor negro e teatralidade da banda. “No vídeo, encontrámos uma forma de brincar com tudo isso, emprestando descaradamente imagens de vários mitos, folclores e lendas”, explica o Sr. Eckerström. “Além disso, qualquer dia em que vejo os rapazes a despirem-se para um papel é um bom dia para todos nós.”
Estes singles surgem como prenúncio de uma nova era para os AVATAR, que prometem elevar ainda mais a fasquia com a próxima digressão, que passa por Lisboa em Fevereiro de 2026. Numa declaração que mistura humildade com confiança incendiária, a banda reflecte sobre o seu percurso e lança o mote para o que está para vir: “Tudo o que fizemos até aqui é impossível. Definimos metas inalcançáveis contra probabilidades insuperáveis. Não deveríamos estar aqui, simplesmente temos conseguido escapar impunes.”
“Os últimos anos têm sido um sonho. O que fizemos em palco e para quantos o fizemos vai além de tudo o que temos direito a pedir. Qualquer pessoa sensata aceitaria que, daqui em diante, só pode ser a descer. Mas nós não somos pessoas sensatas.” E concluem com uma promessa audaz: “O que temos reservado para vocês, aquilo a que nos comprometemos nesta nova era dos AVATAR, vai envergonhar tudo o que aconteceu até agora. Foi-nos dado tanto, e só agora estamos a começar a retribuir. A chama arde mais forte do que nunca. Quando vierem ver-nos ao vivo, vão perceber. Não percam.”
Os bilhetes para o concerto dos AVATAR em Lisboa estão disponíveis em primeartists.eu e também nos locais habituais. A julgar pela energia com que a banda sueca aborda cada apresentação e pela crescente legião de seguidores em Portugal, tudo aponta para uma noite esgotada de caos controlado, teatralidade extrema e metal levado ao limite.
