No início dos anos 1990, com o «Black Album» transformado num fenómeno global, parecia que os METALLICA eram intocáveis. No entanto, durante a extensa digressão mundial de promoção ao disco, James Hetfield, guitarrista e vocalista do quarteto de São Francisco, sofreu queimaduras num braço durante um concerto. Sem poder tocar guitarra, teve ser substituído e quase houve um músico brasileiro a dividir o palco com os gigantes do thrash. Apesar do lugar ter sido ocupado temporariamente por John Marshall, dos METAL CHURCH, que já tinha feito as vezes de Hetfield depois de uma fractura provocada por uma queda de skate, Andreas Kisser, dos SEPULTURA, fez uma audição com os músicos norte- americanos e, numa conversa com Ted Aguilar, dos DEATH ANGEL, relembrou a situação.
“O Jason Newsted ligou-me“, começa por recordar Kisser. “Disse-me que estavam em Denver, no Colorado, e que tinham tudo montado e estavam a testar toda a gente. Os Metallica são enormes porque são realmente grandes em todos os aspectos — até na sua atitude. Estavam à procura de todo o tipo de possibilidades, até eu, um guitarrista do Brasil. Apanhei um avião sozinho com a minha guitarra. Fui para o Colorado. Havia uma limusine à minha espera e fui directo para a sala de ensaio que eles tinham na arena. A primeira pessoa que vi foi o Kirk Hammett: ‘Ei, vieste do Brasil. Estás bem, man?’… Fiquei a ouvir alguns tipos a tocar, e depois seria o próximo. Entrei muito calmo e toquei. Foi estranho. Eles fizeram-me sentir realmente em casa“.
Apesar de ter sido seleccionado para o teste final, Andreas não conseguiu a vaga. “Fiquei para a final, que era no dia seguinte. Era só eu e o John Marshall, que já tinha substituído o James no ano anterior, e senti que, mesmo sem ter ficado, foi uma grande vitória. Infelizmente as músicas do «Black Album» ainda eram muito novas para mim, a «The Unforgiven» tinha uma série de detalhes que eu não sabia tocar. E o John Marshall estava pronto. Por pouco não tive oportunidade de fazer uma digressão com eles e os GUNS N ‘ROSES. E os FAITH NO MORE estavam a abrir; essa digressão foi incrível. No entanto, foi uma das melhores experiências da minha vida. E ainda hoje somos amigos. O que é fantástico.“