Foram, alguns clamarão “ainda são”, um dos maiores nomes do rock dos anos 80, mas a sua fundação chega a 1970. Fala-se aqui de Queen, o quarteto britânico que entre 1970 e 1991 deu cartas na música e que prosseguiu após a morte do seu vocalista, Freddie Mercury, até aos dias de hoje, e que está associado a um episódio que nos dias recentes tem particular significado. Tudo gira à volta de um tema, «Under Pressure». Originalmente, o tema aparece isolado, em1981, fazendo o seu percurso nos tops. Em ’82, aparece um dos discos mais estranhos dos Queen, «Hot Space». A capa é inspirada em trabalhos de Andy Warhol, e o disco foi precedido, em Outubro do ano anterior, pelo tal single «Under Pressure». É o segundo maior hit do quarteto, em termos de top britânico. Para tal muito contribuiu a colaboração com David Bowie. É, aliás, o único tema do grupo, enquanto Freddie estava vivo, em que existe um dueto com alguém fora do colectivo. «Under Pressure» é gravado nos Mountain Studios em Montreux, Suíça, em Julho de ’81. Originalmente o tema chamar-se ia «Feel Like», mas não satisfazia o grupo. Bowie está por perto, nas gravações de um single, «Cat People (Putting Out Fire)», e os astros alinham-se para uma colaboração que se revelaria única. O resultado seria «Under Pressure», de longe a faixa em destaque em «Hot Space», trabalho de viragem de carreira e provavelmente um dos piores da banda.
Anos mais tarde, em 1985, após a fabulosa apresentação dos Queen no Live Aid, estes tiraram partido da popularidade conseguida e voltam ao Wembley Stadium no ano seguinte. Numa actuação ao vivo memorável, voltam a atacar «Under Pressure» e levam a palco o próprio Bowie, numa interpretação fabulosa do tema.
A história do tema não fica por aqui, e a 20 de Abril de 1992, vários grupos reúnem-se no Wembley Stadium, sob a batuta dos Queen, para homenagem a Freddie Mercury, falecido no dia 24 de Novembro de 1991. Bowie volta a interpretar o tema, com Annie Lennox a assumir o segundo vocal. A magia não é a mesma, mas o tema começa a ganhar a sua vertente de homenagem, sem que tal o esperasse.
Décadas mais tarde, num concerto dos Foo Fighters, estes resolvem homenagear os Queen, um dos nomes favoritos de Taylor Hawkins. Sob o comando de Dave Grohl, Taylor assume a frente de palco, para cantar o tema, como já o fizera em bares, nas suas incursões por clássicos. À bateria sobe um miúdo, Rufus Tiger Taylor, filho de Roger Taylor, baterista dos Queen. Desta forma, a homenagem ganha outro sentido, através do filho de um dos participantes na gravação original. Pormenor curioso, no bass drum, uma foto de Taylor Hawkins com o filho, Shane Hawkins. Pois é esse mesmo Shane que no início deste mês, também em Wembley, sobe à bateria para, junto dos Foo Fighters, homenagear o pai, numa participação que se tornou viral. Just connect the dots…
E a 27 de Setembro próximo, altura do segundo tributo a Taylor Hawkins, desta feita em Los Angeles, que será de esperar? Alguma demonstração do poder de Queen? A curiosidade existirá, da mesma maneira que pegando num tema originalmente gravado na Suíça, se consegue chegar, num exercício simples, até um momento recente.
Claro que o tema já teve outras interpretações, desde logo através da parte dos músicos que compõem Queen, conforme vão recorrendo a diferentes vocalistas para tentar satisfazer os fãs menos exigentes. The Flaming Lips, em ’93, fizeram a sua versão, algo trapalhona e pouco audaz, diga-se. A mais inusitada e fora da caixa, será para The Blood Brothers, que a recriaram em versão screamo e a 45 rpm. Deliciosa. De qualquer forma, para hoje fica apenas uma história de um tema e como este foi sendo jogado através dos anos.