O “nosso” multifacetado escriba e fotógrafo Jorge Botas não pára, e nas últimas semanas esteve em Dublin, de onde nos reportou acerca de dois belos concertos. Duas grandes bandas, cada uma no seu estilo particular, que já temos saudades de rever em Portugal – os W.A.S.P. e os Belphegor. Aqui fica o resumo de cada evento:
W.A.S.P. + THE CRUEL KNIVES
17.10.19 – The Academy, Dublin, Irlanda
Foi num fim de tarde de chuva, que a cidade de Dublin recebeu uma paragem da digressão «Re-Idolized: The 25th Anniversary Of The Crimson Idol». Em ano de 25º aniversário de um dos álbuns mais emblemáticos da banda de Blackie Lawless, prometeram tocar o disco de principio ao fim acompanhado pelo filme, numa versão que será editada em 2018. E foi o filme que acabou por ser o ponto central da actuação, numa experiência à qual não estamos muito habituados. O filme passa nos ecrãs, enquanto a banda, pouco iluminada diga-se, vai tocando de forma precisa os temas que compõem o disco. Para esta digressão, os W.A.S.P. requisitaram os serviços do baterista Aquilles Priester, que esteve à altura do desafio, sobre o olhar sempre atento de Blackie Lawless. Mike Duda e Doug Blair desempenharam o papel, bastante importante, que já têm há alguns anos na banda, principalmente o baixista, muitas vezes a cantar as partes de Lawless de forma exímia. Um dos temas mais bem recebidos pelos fãs que esgotaram a sala foi «Chainsaw Charlie». Ao vivo, «Hold To My Heart» e «The Great Misconceptions Of Me» ainda arrepiam mais que na versão original. Para o encore, e já com as luzes ligadas, «The Real Me», «L.O.V.E. Machine», e a fechar, «I Wanna Be Somebody». A banda ainda tocou «Golgotha», apesar de as vozes gravadas se terem sobreposto ao que estava a ser “cantado” ao vivo… Na primeira parte estiveram os The Cruel Knives, que tiveram em Mike Duda um fã especial – ao lado dos fotógrafos, durante a actuação da banda, afirmou: “Estes miúdos são bons!” [J.B.]
BELPHEGOR + ENTHRONED + NERVO CHAOS
17.10.13 – Voodoo Lounge, Dublin, Irlanda
A capital irlandesa recebeu a passagem da digressão dos austríacos Belphegor, que andam na estrada a promover o mais recente disco de originais, «Totenritual». O único azar, nesta sexta-feira 13, foi só mesmo a notícia que os Deströyer666 tinham abandonado a digressão uns dias antes por questões profissionais, mas mesmo assim o entusiasmo para receber os cabeças-de-cartaz sentia-se ainda antes das portas abrirem. Os brasileiros Nervo Chaos foram os primeiros a subir ao palco e contaram com alguns conterrâneos na plateia que tornaram a sua performance bastante mais animada. Já com os belgas Enthroned em palco, o nível e a qualidade musical começaram a subir e o público a chegar-se à frente de palco com os primeiros circle pits da noite a terem lugar… e as primeiras idas ao chão também, ao som de temas como «Baal Al Maut», «Obsidium» e «Of Feathers And Flames». Os 40 minutos que a banda esteve em palco acabaram por saber a pouco e com a ausência dos Deströyer666, não teria sido má ideia terem tivessem tocado mais uns minutos. A aposta na imagem dos Belphegor é bastante evidente, aparecendo em palco com ossos, caveiras, cruzes intervertidas e sangue. O som que sai das colunas é quase perfeito e os fãs entregaram-se de corpo e alma ao ritual dos austríacos, que focaram parte do concerto no mais recente trabalho de estúdio, com destaque para «Devil’s Son», «Totenkult – Exegesis Of Deterioration» ou «Baphomet». Já totalmente possuídos, os fãs foram brindados ainda com «Diaboli Virtus In Lumbar Est» a encerrar uma noite que provou, mais uma vez, que os Belphegor são uma das melhores bandas de death/black metal da actualidade em palco. [J.B.]