Os ANVIL são, muito provavelmente, uma das bandas mais azaradas de que há memória no campeonato da música pesada. Uma carreira atribulada, cheia de altos e baixos, o exemplo da dedicação e do “amor à camisola”, bem patente no documentário ‘Anvil! The Story Of Anvil’. (se não ainda não o viram, só estão a passar ao lado de um dos melhores exemplos do seu género dos últimos anos), que lhes deu um novo sopro de vida há uns anos. Um vida que, como sabemos, está mais ou menos no mesmo lugar em que estava, com a banda a ter de batalhar para conseguir atingir o seu objectivo. A verdade é que os ANVIL já não vão deixar de ser “apenas” uma banda de culto, nunca vão dar o salto para a próxima divisão — e, por estranho que possa parecer à primeira vista, o guitarrista e vocalista Steve “Lips” Kudlow, um dos pioneiros do metal canadiano, está confortável com isso. “As pessoas dizem-nos ‘Ei, meu, vocês podiam ter sido maiores’. E eu não quero ser maior“, disse Lips ao Metal Temple sobre o facto de nunca terem conseguido alcançar o mesmo nível de sucesso de muitos dos seus pares. “Estou muito feliz assim! Estou a ganhar a vida a fazer o que amo, e estou a tocar pelo mundo inteiro. Vão-se foder. Se querem que sejamos os AC/DC, estão a sonhar, foda-se. Nós não somos uma banda comercial — nunca fomos, e nunca quisemos ser. Que merda de conversa é essa? Nem sequer faz sentido“.
“Os ANVIL sem o Lips não são os ANVIL.“
Com um novo álbum, «Impact Is Imminent», deste ano, na bagagem, o músico parece estar definitivamente em bom estado de espírito, e nem as críticas que vai vendo online lhe abalam o ânimo. “No outro dia vi alguém a perguntar como soariam os ANVIL com um cantor a sério“, disparou ele durante a conversa com o Metal Temple . “Fiquei sentado a pensar naquilo e… Acho que não seriam os ANVIL, sabes? E, além disso, o que é um cantor a sério? Qual é o critério? O que é um cantor a sério? Há muito a dizer sobre isso, mas o carácter da voz é de longe o mais identificável. É por isso que, quando ouvimos o Lemmy, ninguém pensa em como soariam os MOTÖRHEAD com um cantor a sério. Porque não seriam os MOTÖRHEAD. E os ANVIL sem o Lips não são os ANVIL. A maior parte do que é metal é a identidade da voz. Não é o quão grande é o tipo que canta; é o som que faz e que pode ser reconhecido imediatamente, É como ter uma marca. Neste caso, é o áudio da marca“. O mais recente LP dos ANVIL, intitulado «Impact Is Imminent», chegou em Maio através da AFM Records. Tal como os seus três antecessores, «Anvil Is Anvil» (de 2016), «Pounding The Pavement» (de 2018) e «Legal At Last» (de 2019), o disco foi produzido por Martin “Mattes” Pfeiffer e Jörg Uken nos estúdios Uken’s Soundlodge, na Alemanha.
Tendo em conta a fase em que o grupo dava pelo nome de LIPS, são já uns longos 44 anos de existência. Como ANVIL, são “apenas” 41. No tempo decorrido, Robb Reiner, na bateria, e Steve “Lips” Kudlow, na guitarra e voz, tiveram tempo para gravar 19 álbuns de estúdio e influenciaram pelo menos o thrash canadiano, embora Steve alegue ainda mais. O estranho é que, em todo esse tempo, nunca tenham visitado Portugal. Confirmados para o SWR Metalfest, numa das edições adiadas pela pandemia, os canadianos estreiam-se finalmente em solo luso este fim de semana, e logo com uma data-dupla. Com um novo trabalho na bagagem, intitulado «Impact Is Imminent», o trio, que fica completo com o baixista Chris Robertson, anda a percorrer quase toda a Europa entre Outubro e Dezembro, visitando Portugal para duas datas, no Porto e em Leiria. Primeiro o embate dá-se no Hard Club, amanhã, sexta-feira, 18 de Novembro, com a banda actuar também no Stereogun, em Leiria, no Sábado, 19 de Novembro. A primeira parte dos espectáculos será assegurada pelos GENGIS KHAN e HARSH, sendo que esta é uma boa chance de finalmente ver ao vivo o grupo retratado no popular documentário ‘Anvil! The Story Of Anvil’.