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ANDERS NYSTRÖM revela detalhes amargos da sua saída dos KATATONIA

ANDERS NYSTRÖM ficou no escuro durante meses e soube que estava fora da banda numa reunião com o manager: “Eles não me queriam de volta. E foi tudo feito em silêncio”.

Depois de mais de três décadas a definir o som melancólico e sombrio dos KATATONIA, Anders Nyström está fora da banda há já uns meses. No entanto, ao contrário do que o comunicado oficial fez parecer, a sua saída foi tudo menos consensual. Longe de ser uma despedida tranquila entre velhos e bons amigos, o guitarrista e co-fundador da lendária banda sueca revelou agora que ficou completamente às escuras durante meses e que só soube que estava definitivamente fora do grupo numa reunião com o manager.

A revelação surgiu numa entrevista recente concedida ao site dinamarquês Metalized, em que o músico falou abertamente sobre como foi afastado, o silêncio de Jonas Renkse e o impacto emocional do fim da amizade entre os dois. “Foi quando soube que a banda não me queria de volta e que ia ser substituído de forma permanente”, começou por dizer Anders, referindo-se ao momento em que se apercebeu da sua exclusão definitiva.

“Até então, não houve nada além de silêncio. A última vez que ouvi algo deles foi no início do Verão de 2023, quando fui informado de que iriam usar backing tracks nos festivais… Nunca fui abordado sobre fazermos outros concertos após isso”, recordou o guitarrista, que descreve um processo de afastamento progressivo, mas silencioso. É óbvio que, durante os últimos anos, a sua ausência dos espectáculos dos KATATONIA — e também do processo criativo nos LPs mais recentes — já era notória, mas a separação nunca tinha sido oficializada de forma clara.

Quando Jonas Renkse, vocalista e agora único membro fundador do grupo, anunciou que os KATATONIA e Anders seguiriam “caminhos diferentes, fê-lo por meio de um daqueles comunicados diplomáticos que se tornaram quase uma fórmula no meio musical. A resposta de Anders Nyström, porém, não tardou e já revelava um tom bastante diferente, sugerindo que o afastamento tinha sido unilateral. Agora, o músico detalha o que sente ter sido um processo deliberado de exclusão.

“Nunca fui abordado ou questionado se gostaria de participar da composição, gravação e produção de um novo disco”, lamenta ele. “Isso é completamente diferente de ficar de fora de concertos. Aparentemente, eles já tinham seguido caminho no mundo deles e não se importavam com a minha resposta.” Segundo Anders , a sua assinatura ainda constava no contrato discográfico do grupo e ainda gerente da empresa por trás dos KATATONIA, mas, mesmo assim, não foi consultado sobre qualquer passo dado para a gravação do novo álbum.

Aliás, o músico confessa que só soube da existência desse mais recente lançamento acidentalmente, ao aceder a documentos administrativos partilhados pela equipa de management. “Fui mantido no escuro o tempo todo”, diz Anders. “Os grupos de chat em que eu estava foram abandonados em 2023 e até deixei de receber cópias dos e-mails. Vi a apresentação das fotos da banda e da capa do disco ao mesmo tempo que o público.”

Apesar das pistas de afastamento que se foram acumulando ao longo dos últimos anos — como o uso de backing tracks em concertos ou a substituição por técnicos de guitarra quando surgiram imprevistos —, Anders Nyström ainda nutria esperança de regressar. Esse sentimento desfez-se quando percebeu que nem a composição de novos temas, nem a preparação dos concertos o incluíam. “Quando o Roger se desentendeu com o Jonas e saiu da banda, eles chegaram a usar um dos nossos guitar techs em vez de me ligarem. E o que é que isso quer dizer?”, pergunta ele, retoricamente.

Para o músico, o comportamento de Renkse não foi apenas profissionalmente desleal, mas pessoalmente devastador. “O nosso relacionamento pessoal e profissional sempre estiveram profundamente interligados num estilo de vida que foi meticulosamente moldado ao longo dos anos”, explica. “Portanto, não é possível tentar mantê-los separados de repente, dadas as circunstâncias actuais.” De resto, confirma-se uma ruptura total, não só no plano artístico, mas também pessoal.

“É imensamente triste ver tudo terminar assim. Ainda é difícil para mim aceitar tudo isso, mas agora sei com certeza que não tenho lugar na formação actual da banda… Com a nossa colaboração encerrada há alguns anos, infelizmente a nossa amizade também acabou.”

O legado de Nyström nos KATATONIA é incontornável. Fundada em 1991, a banda começou por afirmar-se como uma das pioneiras do death/doom europeu, com álbuns marcantes como «Dance Of December Souls», de 1993, ou «Brave Murder Day», de 1996, antes de iniciar uma transição gradual para territórios mais melódicos, sombrios e introspectivos, cruzando rock gótico, metal progressivo e ambientações pós-rock. Essa evolução deu origem a obras aclamadas como «Last Fair Deal Gone Down», «The Great Cold Distance» e «Night Is The New Day», onde a dupla Renkse e Nyström assinava quase todo o processo criativo.

A par do trabalho nos KATATONIA, Anders Nyström também se destacou com o projecto Diabolical Masquerade, nos anos 90, e mantém-se activo com os BLOODBATH, uma banda de death metal mais tradicional que fundou ao lado de nomes como Mikael Åkerfeldt (OPETH), Peter Tägtgren (HYPOCRISY, PAIN) e, mais recentemente, Nick Holmes (PARADISE LOST). Ainda assim, nenhum desses projectos teve o impacto, a longevidade ou a relevância emocional que os KATATONIA alcançaram.