Umas horas antes do sismo que abalou todo o país, os AMORPHIS fizeram tremer o chão no MILAGRE METALEIRO OPEN AIR.
Finlândia — a Terra dos Mil Lagos e um dos países europeus com maior taxa de exportação de música pesada. Apesar de ser actualmente uma das “potências” com mais força no que toca à produção de heavy metal em todas as suas vertentes, as coisas nem sempre foram assim e, durante a primeira metade dos anos 90, os AMORPHIS foram essenciais na tarefa de levar ao mundo o metal finlandês com discos incontornáveis como «Tales From The Thousand Lakes» ou «Elegy».
Antes dos Nightwish, dos Children Of Bodom, até dos HIM e, porque não?!, dos Lordi, já os AMORPHIS estavam lá e, ao longo de uma carreira que por esta altura já ultrapassou a marca das ~três décadas, a banda oriunda de Helsínquia, conseguiu conquistar o seu lugar de destaque no panteão do som de peso. A dar cartas, primeiro a nível underground e — poucos anos depois da formação em 1990, na cidade de Helsínquia — em massa, os AMORPHIS são um dos nomes incontornáveis do boom metal europeu da década de 90.
Numa primeira instância, o grupo tomou de assalto a cena com a maqueta «Disment Of Soul» e assinou rapidamente um contrato com a Relapse, que disponibilizou «The Karelian Isthmus» em 1993. Apenas um ano depois, com a edição do incontornável «Tales From The Thousand Lakes», a banda transformou-se num verdadeiro fenómeno e, desde então, os músicos não mais olharam para trás, mais embrenhados na música progressiva que no death metal dos primórdios.
Comprovando a vitalidade de que gozam desde que o carismático Pasi Koskinen decidiu abandonar e foi rapidamente substituído pelo desconhecido Tomi Joutsen, os AMORPHIS deram seguimento ao caminho que foram traçando para si próprios e que culminou na edição de «Halo», o décimo quarto LP de estúdio da banda, foi editado em Fevereiro de 2022, via Atomic Fire Records, e os trouxe ontem a Portugal para mais uma actuação, desta vez no MILAGRE METALEIRO OPEN AIR.
Nesse sentido, pode dizer-se que, no último dia da edição de 2024 festival de Pindelo Dos Milagres, o melhor ficou mesmo para o fim. Os AMORPHIS, tal como a grande parte das bandas que actuaram no MILAGRE METALEIRO OPEN AIR, terminaram a sua tour de Verão em Portugal e, na bagagem, traziam o seu mais recente álbum de originais.
Talvez por isso, a banda começou logo por “despachar” três temas de «Halo» no início da actuação, com «Northwards» a fazer as despesas do arranque, logo seguida por «On The Dark Waters» e «The Wolf». Com o seu timbre único e característico, e uma forte presença em palco, o vocalista Tomi Joutsen captou grande parte das atenções desde o primeiro momento e fez com todos os olhos se focassem no que se passava em palco.
Com «The Castway», do eternamente clássico «Tales From A Thousand Lakes», a levar sem dificuldade o público ao rubro com a memória de um dos seus discos mais proeminentes e influentes, o que se seguiu foi uma competente viagem ao incrível e extenso fundo de catálogo dos AMORPHIS, que demonstraram muitíssimo bem o quão polido e uniforme o seu som se tornou desde a edição de «Queen Of Time», em 2018.
Mais frescos, mais coesos e mais energéticos do que nunca, e apoiados num som bem pujante, os seis músicos fecharam a noite em grande estilo, com «House Of Sleep» e «The Bee» a incentivarem toda a plateia a cantar em uníssono e a expurgar a energia que ainda lhes restava nos corpos. Em suma, este regresso dos AMORPHIS a Portugal revelou-se um autêntico desfilar de clássicos, favoritos dos fãs e novas músicas, que reflectiram na perfeição a longa carreira da banda finlandesa.