Claro que todas estas opiniões são discutíveis, mas pode-se dizer que os AMORPHIS nunca fizeram um álbum mau, parecem ser fisicamente incapazes mesmo que tentem. Apesar disso, também será preciso admitir – especialmente para os “velhotes” que os acompanham desde o princípio e têm uma visão mais global da sua carreira – que houve ali uma altura em que se refugiaram num certo conforto, numa solidez sem grandes sobressaltos, mas também sem grandes rasgos extraordinários de génio. Para aí do «Skyforger» para a frente, não? A qualidade excepcional de todos os músicos e o estatuto que adquiriram – com todo o mérito, note-se – garante um nível “mínimo” que lhes permite não terem que tomar grandes riscos. Tudo bem, é uma opção, mas quem ficou doido com o «Elegy» ou com o «Eclipse» (para não ir sequer àquele “clássico” imortal do antigamente) tem sempre uma pontinha pequenina de desilusão a cada álbum bom-mas-não-incrível, a cada conjunto de onze ou doze malhas onde sabemos que só uma ou duas é que vamos querer mesmo-mesmo ouvir daqui a meia dúzia de anos.
Ora bem, só a perspectiva dada pelo tempo é que vai permitir confirmar isto, mas «Halo» parece, felizmente, quebrar um pouquinho com essa tendência. Talvez uma liberdade maior trazida para o subconsciente do Esa Holopainen pelo extraordinário – e pouco louvado – projecto SILVER LAKE, como o próprio admite na entrevista que fizemos com ele, tenha ajudado, mas seja qual for a causa, nota-se um edge, uma agressividade, uma agilidade de composição, até na variedade vocal acrescida de Tomi Joutsen (sim, mais que o habitual, que já não é coisa pouca), que volta a ter aqui uma performance brilhante, que demarca este álbum desta fase dos últimos dez/doze anos mais do que qualquer outro desse período. E grandes malhões espalhados pelo álbum todo, como são os casos de «Northwards», «The Moon» ou «Seven Roads Come Together». Para já, «Halo» tem toda a pinta de ser o melhor dos AMORPHIS deste século logo a seguir ao «Eclipse». [8]