Os veteranos AGNOSTIC FRONT voltaram a Portugal para um concerto único no RCA Club, num evento pela mão da Hell Xis. Após pouco mais de três anos e meio de espera, voltaram a “casa” em mais uma noite inesquecível, em que o suporte desta vez ficou a cargo dos TRINTA & UM e dos NEIGHBORZ, em concertos que certamente irão ficar cravados na memória de muitos. Foi, de resto, bastante visível a felicidade e orgulho destes últimos ao terem tido oportunidade de subir a palco para abrirem as hostilidades nesta data de celebração do NYHC e dos lendários Godfathers of Hardcore. Com uma sala já bastante composta, ter o Vinnie Stigma a assistir ao concerto do palco só fez aumentar a descarga de adrenalina e de peso da banda — em particular, do seu emblemático vocalista Lekas que, entre vários discursos, falou da honra que foi terem tido esta oportunidade. A banda continua a promover o seu áltimo EP e tocou temas como «Made To Crumble» e «Never Stop Believing», não faltando a sentida homenagem a Dice no tema «Last Smile» onde as luzes foram apagadas e apenas ficaram as dos telemóveis do público.
Se se perguntar a diferentes tipos de público dentro do hardcore luso qual a banda que arranca mais coros efusivos e constantes, certamente o nome que sairá da boca da maioria será o dos TRINTA & UM. Os músicos têm todo um comboio de fãs enorme que os segue com carinho após tantos anos e, mais uma vez, o entusiasmo gerado nesta ocasião foi gigante, com a emoção existente entre público e músicos a tornar-se bastante visível. A banda mítica de Linda-a-Velha aproveitou a oportunidade para tocar ao vivo a nova música «Agora e Sempre LVHC», que irá ser integrada no novo disco de originais que, ao que tudo indica, deverá ter edição em Outubro. Não faltaram também hinos das ruas como «O Cavalo Mata», «Coma 85», «Devo Ódio ao Mundo» ou «Até ao Fim», que foram capazes de deixar alguém como Vinnie Stigma estupefacto com o suporte e impacto de um público tão sedento por uma banda local.
Finalmente, os AGNOSTIC FRONT subiram ao palco a todo o gás, abrindo o concerto com «Eliminator». A lendária banda foi alternando entre os seus álbuns clássicos e mais recentes, e debitaram cada nota musical como se fosse a última. A energia dos nova-iorquinos, em particular de Stigma, em palco, continua a ser absolutamente inspiradora e cativante – não esquecendo que o “godfather” do hardcore conta com 67 anos e continua a fazer stagedives e a ser imparável nos concertos, brilhando particularmente pelo gesto e t-shirt dedicada a Victória. De destacar ainda a interacção da banda com o público, não faltando clássicos como «For My Family», «Victim In Pain» ou «Crucified», com o público a reagir com singalongs a cada refrão. Entre coros, subidas a palco e stagedives viveu-se um ambiente do mais puro que o hardcore pode e tem para oferecer. Destaques? Talvez «Gotta Go», em que o público tumultuoso e em modo de celebração subiu e dominou o palco, com Stigma a aproveitar a ocasião para partilhar alguns momentos de interacção junto ao baterista Danny Lamagna. Por fim, o concerto terminou – com a habitual cover do clássico «Blitzkrieg Bop», dos Ramones, e durante a qual Roger Miret aproveitou, uma vez mais, para agradecer e manifestar o apoio, não só referindo-se à sua luta contra o cancro, mas também o suporte geral e todo o carinho que o público português manifestou e que o fez sentir mais uma vez em casa. Nos, aqui deste lado, só podemos celebrar estas oportunidades de podermos continuar a ver esta banda mítica ao vivo, e o facto de ainda termos os godfathers of hardcore no activo.
FOTOS: Solange Bonifácio