Correndo o risco de me pôr um bocado a jeito, tenho de confessar que ver o Sócrates em plena televisão pública, qual D. Sebastião, a dizer “parem com esta loucura” é algo que tem o seu je-ne-sais-quoi de verdadeiramente transcendente. Juntando a isso a minha crescente má disposição por mais uma vez ir falhar o Roadburn e por, inacreditavelmente, ainda não me ter saído o Euromilhões, era inevitável que tivesse de voltar ao grindcore, em todo o seu corrosivo esplendor.
Calha bem que o que interessa aqui é grunhir, meia dúzia de riffs e muita porradinha, porque com temas como “Bu Düzen Hepimizi Bir Gecede Harcayabilir”, “Tahammül Etmek Kabul Etmek Demek” ou “Adim Adim Elerki” estávamos bem tramados para perceber patavina disto. O turco não é o meu forte, mas o que importa é que estes Sakarat andaram a ouvir os mesmos discos que os Wormrot, isto é, doses industriais de Napalm Death, quiçá S.O.B e Agathocles e tal como os seus coleguinhas de Singapura debitaram grind à maneira com todos os condimentos, com uma produção bastante limpa para o habitual no género, ainda que suficientemente impregnada de bílis. Pena é que o registo não passe dos oito minutos de duração e sobretudo que entretanto já tenham ido pregar para outra freguesia, ou seja, pendurado as botas. Ou seja, esta rapaziada sabia o que estava a fazer quando decidiu chamar ao disco «Bir Devrin Sonu», ou «Fim de uma Era». Considerem esta a vossa primeira lição de turco, se algum dia precisarem.
Curto e grosso mas, calculem, se o tocarem três vezes seguidas já parece um álbum como deve ser. Não é nada que estes Sakatat não mereçam e pelo menos serve para matar a fomeca enquanto os maluquinhos dos Wormrot não destapam mais uma obra de arte.
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A ler/ver/ouvir:
• «The Monkey Wrench Gang», Edward Abbey
• Fight Amp, Bizarra Locomotiva, Today Is The Day, 16 Horsepower, Process Of Guilt
• «Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying And Love The Bomb»
• «Kubrick: A Life in Pictures»